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Genética pode ajudar a libertar mulher condenada pela morte dos quatro filhos, na Austrália; entenda

Kathleen Folbigg está presa desde 2003; descoberta de mutações nos genes das crianças sugere que óbitos foram por causas naturais e caso volta aos tribunais australianos

Caso de Kathleen Folbigg volta aos tribuinaisCaso de Kathleen Folbigg volta aos tribuinais - Foto: Reprodução/ Twitter

Uma australiana condenada há 20 anos pelo assassinato dos quatro filhos pode ter a pena revista nesta semana com a ajuda de um comitê científico. Kathleen Folbigg, de 55 anos, está presa desde 2003 pela morte súbita dos filhos que eram aparentemente saudáveis. Ela foi acusada de ter sufocado as crianças, ao longo de um período de dez anos. Mas exames genéticos realizados recentemente indicam a possibilidade de que as vítimas tenham morrido por causas naturais. O caso foi reaberto e as novas audiências serão realizadas a partir da próxima segunda-feira.

Conhecida como "a pior assassina em série da Austrália", Kathleen foi condenada sem evidências diretas dos assassinatos. Os laudos de necropsia não apontaram qualquer sinal de violência ou anormalidade nos corpos das crianças.

Mas no julgamento, anotações do diário da acusada foram usadas para incriminá-la. Kathleen havia escrito que se culpava pela morte dos filhos e desabafava a respeito dos sacrifícios da maternidade.

As chances de liberdade de Kathleen ressurgiram em 2019, quando cientistas descobriram que duas das crianças falecidas carregavam um defeito genético raro ligado à insuficiência cardíaca em bebês. Isso não foi suficiente para mudar o status legal da acusada e ela permanece presa.

No entanto, um comitê de cientistas eminentes reagiram pedindo seu perdão. Um segundo inquérito judicial foi aberto e em 14 de novembro as audiências do caso serão iniciadas. Os australianos esperam agora para saber se as condenações de Kathleen serão mantidas.

Exame genético
Um tribunal australiano condenou Kathleen pelas mortes de Caleb (em 1989), Patrick (em 1990), Sara (em 1993) e Laura (em 1997). Mas exames genéticos descobriram mutações nas duas meninas.

A descoberta foi feita pela geneticista espanhola Carola García Vinuesa, que vive na Austrália. Ela detectou que Kathleen tem uma mutação rara no gene CALM2, que regula o funcionamento cardíaco e está relacionada à morte súbita em crianças e à arritmias que também costumam ser letais.

Exames adicionais, feitos nos restos mortais das crianças, identificaram a mesma mutação em Sara e Laura. Nada foi observado nas análises dos meninos.

No entanto, Caleb e Patrick apresentaram mutações em um outro gene, mas este ainda é pouco estudado. De acordo com Carola, o problema nos meninos pode ter causado obstrução nas vias respiratórias e epilepsia.

Carola enviou uma carta ao Poder Judiciário da Austrália, mas de nada adiantou. Ela então conversou com especialistas de todo o mundo e reuniu um grupo de 27 pesquisadores para tratar do caso. O resultado foi a publicação de um artigo no ano passado na Universidade de Oxford.

Após a divulgação do caso, em revista científica de prestígio, outros 150 pesquisadores de todo o mundo - inclusive três vencedores de prêmios Nobel - pediram o indulto de Kathleen.

O caso chegou novamente aos tribunais australianos.

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