BioParque

Girafa morre no Rio por distúrbio alimentar, aponta necropsia

Animal contraiu doença chamada "acidose láctica ruminal"

GirafaGirafa - Foto: Kalz/Pexels

O médico veterinário Daniel Guimarães Ubiali, que assina o laudo de necrópsia da girafa que morreu no último sábado no BioParque, no Rio de Janeiro, explicou, nesta sexta-feira (14), que a morte foi provocada por uma doença chamada "acidose láctica ruminal", provocada pela ingestão de uma quantidade excessiva de carboidratos presentes em grãos, como milho. A falha no manejo dos alimentos causou um distúrbio no metabolismo que foi fatal para o animal.

No dia da morte do animal, o zoológico divulgou uma nota, informando que a girafa morta e outros cinco animais estavam infectados pelo parasita Haemonchus sp. Segundo nota, os animais receberam medicação como forma de tratamento, porém "um deles apresentou resistência ao medicamento".

No entanto, o laudo da necropsia realizada pela equipe de patologistas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e divulgado nesta quinta-feira apontou que a infecção pelo parasita não esta relacionada com a causa da morte e nem mesmo a resistência parasitaria aos medicamentos.

— O que causa acidose láctica ruminal é a sobrecarga de carboidratos — apontou Daniel Guimarães Ubiali, professor de Patologia Veterinária da UFRRJ que assina o laudo da necropsia com Asheley Henrique Barbosa Pereira, doutorando em Patologia Veterinária.

O professor disse que não sabe como aconteceu isso. Ele explicou que grãos, como milho e soja, fazem parte da dieta de girafas mantidas sob cuidados humanos — assim como feno, capim e alfafa — , mas precisam ser ministrados em porções que variam conforme idade e peso.

Alguns grãos, segundo ele, possuem carboidratos de rápida fermentação e fazem com que o conteúdo do rúmen (compartimento do estômago dos ruminantes que tritura os alimentos por contração e dilatação) torne-se mais ácido (com o PH reduzido) até causar a doença chamada "acidose ruminal". Ubiali disse que pelo histórico enviado pelo BioParque à universidade os animais tinham uma dieta ideal e balanceada.

— O que aconteceu foi algo fora do controle deles. Provavelmente, algum acidente ocorreu e o resultado foi acidose ruminal — explicou.

Os animais com acidose ruminal apresentam apatia, diminuição ou parada do consumo de alimentos, desidratação, aumento da frequência respiratória e aumento nos batimentos do coração.

O problema de saúde pode ser detectado por meio de medição do PH do sangue e da urina, cuja coleta costuma ser difícil nos animais de grande porte como as girafas. A recomendação, no caso de algum animal ficar doente, é retirar ou diminuir consideravelmente a quantidade de grãos da dieta até ajustá-la.

— Pelo que me informaram, é o que estão fazendo, após a divulgação do laudo — disse o veterinário.

O professor Daniel também informou que a girafa submetida à necropsia apresentou periodontite, que é uma inflamação da gengiva e dos tecidos de sustentação dos dentes. Não foi possível associar a periodontite com a acidose ruminal. No entanto, os responsáveis do BioParque já realizaram a tomografia simples do crânio dessa girafa e estão organizando uma segunda tomografia computadorizada de alta geração em Araçatuba, São Paulo. Essa investigação será importante para iniciar uma série de estudos de investigação da relação da periodontite com distúrbios alimentares em girafas.

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