Google anuncia mudanças para seguir novas regras da União Europeia
Consumidor vai poder escolher navegador padrão no Android
O Google anunciou mudanças em seu funcionamento nesta terça-feira para se adequar às novas regras da Lei de Mercados Digitais (DMA, em inglês), da União Europeia (UE), e que entrarão em vigor nesta sexta-feira.
A Big Tech prevê alterações na forma como são exibidos resultados de pesquisa, incluindo o Google Flights, além de facilitar o acesso do usuário a outras opções de navegadores.
Mas as mudanças vão além das observadas na gigante fundada por Larry Page e Sergey Brin. Amazon, Apple, ByteDance, Microsoft e Meta também estão sendo obrigadas a atualizar suas formas de operar e terão até quarta-feira, dia 6, para começar a cumprir a nova legislação da UE. As mudanças só se aplicam aos países membros do bloco europeu.
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A Lei de Mercados Digitais da UE é considerada um marco na regulação de plataformas de internet. Essa é a primeira jurisdição do mundo a submeter as gigantes da tecnologia a um cerco regulatório em prol de condições de concorrência mais igualitárias para empresas e consumidores europeus.
Do ponto de vista de mercado, a chegada da nova lei na UE representa um revés para as Big Techs. Isso porque afeta diretamente um mercado de milhões de usuários.No caso do uso da busca do Google via desktop, Itália e Espanha são os maiores mercados depois da Índia e Brasil, segundo o Statista. Veja as principais mudanças para usuários e empresas:
Alterações nas pesquisas e fim de destaque para o Google Flights
O Google já realizou 20 alterações em produtos da empresa que mudam os resultados da pesquisa feita pelo usuários, segundo comunicado. As alterações visam fomentar uma competição mais justa entre as empresas.
Nesse sentido, links de grandes intermediários e sites agregadores devem ser privilegiados em detrimento dos sites de fornecedores diretos, como hotéis, companhias aéreas, comerciantes e restaurantes. A mudança também faz a própria empresa ofertar seus serviços de modo mais equilibrado frente aos seus concorrentes.
A empresa adicionou "unidades dedicadas" que incluem grupos de links de concorrentes para sites de comparação de produtos, com atalhos de consulta na parte superior da página de pesquisa também com apenas sites de comparação. O mesmo vale para voos e hotéis.
A empresa criou um espaço para sites de comparação como - Skycanner e Kayak - e removeu alguns recursos próprios das páginas de busca, incluindo o Google Flights. A ferramenta deixará de aparecer como um bloco separado nos resultados de pesquisa na Europa, mas usuários da UE ainda poderão acessá-la a partir do link azul que redirecionará para a página.
O Google Hotels, embora não seja citado diretamente, também tende a ser afetado.
Mais opções de navegadores e buscadores no sistema Android
A nova lei da UE também acaba com o navegador Chrome instalado e configurado por padrão. Durante a configuração do smartphone, o usuário vai poder escolher qual navegador deseja instalar e qual será o seu navegador principal de pesquisa. O mesmo vale para o buscador.
A mudança ocorre após o Google ser acusado de monopólio por vender aparelhos Android com Google Chrome como navegador e buscador padrão. Como consequência, usuários do sistema Android - novos e já existentes - serão perguntados sobre os aplicativos de busca que preferem usar. Entre as opções possíveis tendem a aparecer o Firefox, Microsoft Edge e Opera, como navegadores, e DuckDuck Go e Bing como buscadores.
Consentimento adicional para vincular serviços do Google
O Google costuma compartilhar dados de seus diferentes serviços, vinculando-os entre si para personalizar conteúdo e anúncios aos usuários. Mas, com a nova lei da UE, cabe ao usuário escolher, dentro de uma lista de produtos, quais serviços serão vinculados.
O site da empresa informa que só há restrições para Alemanha, onde as regras são mais duras. Alguns serviços não poderão ser vinculados pelos usuários alemães, mas a empresa não detalha quais são.
Entre as opções passíveis de ajuste estão os serviços de "Pesquisa, YouTube, Ad Services, Google Play, Chrome, Google Shooping e Google Maps". "Todos os outros serviços do Google que compartilham dados entre si e não são mencionados acima estão sempre vinculados", diz a empresa.
Mais privacidade no compartilhamento de dados dos usuários com empresas
A empresa também promete mais privacidade no compartilhamento de dados dos usuários com as empresas, embora não dê detalhes sobre o modo como isso vai ocorrer.
"Os anunciantes e editores poderão receber alguns dados adicionais, que são partilhados de uma forma que protege a privacidade do utilizador e as informações comercialmente sensíveis dos clientes", diz a empresa.
API de portabilidade de dados
Por fim, o Google vai lançar uma API de portabilidade de dados. A companhia já permite que os usuários façam download ou transfiram uma cópia dos seus dados utilizados nos produtos da empresa, mas agora terá uma nova forma para facilitar essa transferência.
A empresa também anunciou novidade aos desenvolvedores, com a introdução de programas de sistemas de faturamento alternativos para conclusão de compras. Além disso, manteve a flexibilidade do Android, que permite aplicativos e lojas de aplicativos de terceiros para além da Play Store.