rio de janeiro

Gotas de sangue na faca e manchas nas roupas: as evidências do assassinato do galerista americano

Brent Fay Sikkema, de 75 anos, foi morto na madrugada do último dia 14. O cubano Alejandro Triana Prevez, de 30, foi preso pelo crime

Sócio de famosa galeria de arte de NY, Brent Sikkema é encontrado morto em apartamento no Jardim Botânico, no RioSócio de famosa galeria de arte de NY, Brent Sikkema é encontrado morto em apartamento no Jardim Botânico, no Rio - Foto: Reprodução

A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) já tem fortes evidências que ligam o suspeito Alejandro Triana Prevez, de 30 anos, ao assassinato do galerista americano Brent Sikkema, de 75. Entre as mais importantes estão as roupas com manchas de sangue encontradas na casa do suspeito, em São Paulo, e em itens que estavam no carro em que Prevez dirigia no momento de sua prisão, na madrugada da última quinta-feira. Segundo a polícia, Prevez tinha intenção de fugir para o Panamá, onde tem residência. Além disso, também foi constatado que no interior do veículo usado no crime, um Fiat Palio prata — flagrado por câmeras de segurança —, também havia sangue no banco.

Outra evidência é uma faca encontrada no local do crime. Segundo a polícia, não havia digitais, e sua lâmina havia sido lavada, embora continuasse com vestígios de sangue. Peritos encontraram duas gotas de sangue, que seriam do galerista, no cabo. Em um dos vídeos de câmeras de segurança da rua na qual Sikkema morava é possível observar que o suspeito retira luvas ao sair da residência da vítima.

Na tarde da última quinta-feira, durante buscas pelo veículo que Prevez usava para fugir do país — um Fiat Palio Weekend, adquirido com dinheiro roubado da vítima após o crime — foi encontrado um tênis também com manchas de sangue. A constatação foi feita após análise com luminol.

No endereço de Prevez, na Rua Henri Berton, no Jardim Uberada, na capital paulista, foram encontradas roupas e um boné que também apresentavam vestígios do crime — este último seria o mesmo usado pelo suspeito na madrugada da morte de Sikkema.

Rotina antes do assassinato
Na tarde de quinta-feira, dois dias antes de ser assassinado no Rio, Sikkema saiu de sua casa no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio, para comprar cortinas e móveis para seu novo endereço no Leblon. Na ocasião, estava acompanhado de um motorista particular, uma amiga e o filho dela. A chave do novo imóvel seria entregue cinco dias depois, na terça-feira. Acostumado a passar datas comemorativas na capital fluminense, ele havia programado a viagem para o Natal para decorar o apartamento recém-adquirido. Os planos, no entanto, foram interrompidos por um crime brutal.

Na mesma data, no caminho de volta para casa, Sikkema realizou uma chamada de vídeo para um rapaz, que não foi identificado. Segundo o motorista particular do americano, na ligação ele disse que amava a pessoa com quem falava. O galerista havia informado sua amiga e advogada, Simone Nunes, que teria um encontro romântico às 19h30 daquele dia. A ela, Sikkema também contou ter conhecido alguém pouco antes do Natal e disse estar apaixonado. Ele também teria brincado com a amiga: “bem, acho que preciso de um cachorro e não de um namorado”, relatou a advogada à polícia.

O galerista havia trazido 40 mil dólares (cerca de R$ 200 mil), que seriam destinados a despesas anuais e à compra da mobília. Na sexta-feira, antevéspera do crime, Simone não encontrou com o americano, tendo falado com ele apenas às 22h05, por mensagem. Na conversa, ambos combinaram uma reunião para o dia 15, que seria para uma prestação de contas — já que a advogada administrava os bens do americano quando ele estava fora do país. De acordo com ela, na data combinada, Sikkema também deixaria um cartão de crédito com a amiga para a aquisição de novos itens para seu apartamento.

Sem contato
O último contato entre Sikkema e Nunes foi na sexta-feira. Na data estipulada para o encontro, a advogada resolveu mandar uma mensagem para o americano e percebeu que ele não entrava no aplicativo desde às 0h04 de domingo. Como o galerista costumava ficar on-line, ela estranhou.

A primeira mensagem enviada ao americano, segundo relatou Nunes à polícia, foi às 11h30 de segunda-feira. No texto, pedia confirmação para a reunião de ambos, que estava marcada para às 13h. Sikkema não respondeu, nem mesmo visualizou as mensagens. Às 16h46, a advogada tentou novo contato, sem sucesso. Então, resolveu pedir um carro por aplicativo e ir à casa do galerista, chegando lá às 17h10.

18 facadas
Brent Sikkema foi morto com 18 facadas no tórax e rosto. Seu corpo foi encontrado por sua amiga Simone Nunes, na segunda-feira. A vítima estava em sua casa, na Rua Abreu Fialho, no Jardim Botânico. Segundo a advogada, o suspeito — identificado como Alejandro Triana Prevez, que foi preso na madrugada da última quinta-feira — teria levado joias e um valor equivalente a R$ 180 mil, entre dólares e reais.

Vídeos obtidos pela polícia mostram que a casa do americano foi vigiada durante 14 horas. Nas imagens, o cubano aparece chegando ao local por volta das 14h20 daquele sábado. Ele ficou nas proximidades até 3h57 de domingo, data do crime. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) afirma não ter dúvidas de que o crime tenha sido premeditado. Além do monitoramento da vítima, o suspeito teria deixado o ar-condicionado do local do crime ligado para “chamar menos atenção”, segundo o delegado titular da especializada, Alexandre Herdy.

Prisão temporária mantida
O Tribunal de Justiça do Rio manteve a prisão de Prevez. Ele passou pela audiência de custódia neste domingo, e relatou ter sido agredido no momento da sua prisão em Minas Gerais. Em depoimento à juíza Priscilla Macuco Ferreira, ele afirmou ter recebido de “policiais rodoviários e pela Polícia Especializada golpes no braço, no pescoço, no braço”. Segundo a decisão da magistrada, ele informou que não havia testemunhas, falou a característica física dos agressores e agora passará por um exame de corpo de delito.

Alejandro disse que relatou as agressões já à Justiça Mineira, onde passou pela primeira audiência de custódia e fez um exame de corpo de delito. No entanto, o resultado não havia sido anexado no processo do Rio; por isso, a juíza determinou que ele fosse novamente avaliado pelo Instituto Médico Legal. A magistrada também ordenou que os autos sejam compartilhados com o Consulado de Cuba e a auditoria militar do Ministério Público.

Em nota, a Polícia Rodoviária Federal, que efetuou a prisão do cubano, nega as agressões. Segundo a PRF, ele foi encaminhado para realização do exame de corpo de delito em Uberaba, “que atestou a plena integridade física do mesmo”.

“Somente após a emissão do presente Laudo Técnico o detido foi encaminhado para Polícia Judiciária de MG, que efetuou o recebimento da ocorrência juntamente com o resultado do Exame de Corpo de Delito Oficial atestando a Plena Integridade Física do mesmo”, diz a PRF.

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