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Governante de Hong Kong comemora resultado das eleições; G7 denuncia 'erosão' da democracia

É a primeira eleição a ser realizada com as novas regras ditadas pela China, o ponto de preocupação do G7

Eleições em Hong KongEleições em Hong Kong - Foto: Peter Parks / AFP

A chefe do governo de Hong Kong, Carrie Lam, comemorou os resultados das eleições legislativas nesta segunda-feira (20), enquanto os países do G7 denunciaram a "erosão" da democracia no território, já que apenas os candidatos leais a Pequim puderam participar.

Apenas 30% da população - 1,3 milhão de eleitores de um total de 4,5 milhões - elegeram o Conselho Legislativo no domingo. É a menor taxa de participação em três décadas.

É a primeira eleição a ser realizada com as novas regras ditadas pela China, que exigem que todos os candidatos sejam examinados para verificar sua lealdade política e reduzem drasticamente o número de assentos por sufrágio universal.

Para a chefe de governo da ex-colônia britânica, os dados foram bastante positivos.

"Hong Kong está de volta ao caminho correto de 'um país, dois sistemas'", declarou Lam, em referência ao modelo usado pela China para dar certa autonomia à cidade.

"Não podemos simplesmente copiar e pegar o chamado sistema democrático dos países ocidentais", acrescentou, depois de argumentar que, com as novas regras, elementos "anti-China" foram excluídos e a tranquilidade política foi restaurada.

Em comunicado conjunto, os ministros de Relações Exteriores dos países do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) expressaram sua "profunda preocupação" com a "erosão dos elementos democráticos do sistema eleitoral".

Também reiteraram "energicamente" seu apelo para que a China "respeite os direitos e liberdades fundamentais em Hong Kong".

A China segue uma política de repressão contra a oposição em Hong Kong desde as grandes manifestações pró-democracia de 2019.

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, indicou que a votação foi "um novo passo para desmantelar o princípio de 'um país, dois sistemas'", e pediu também "um maior grau de autonomia e respeito aos direitos humanos".

Zhao Lijian, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, atribuiu o reduzido nível de participação à situação de sanitária, "os elementos anti-China que buscan destruir Hong Kong e a interferência de forças externas".

"Tensão"

Lam tem uma viagem a Pequim prevista para esta segunda-feira, para se reunir com os líderes chineses. Com uma aprovação pública de 36%, a chefe do executivo não se pronunciou sobre se optará por um segundo mandato em março.

Hong Kong nunca foi considerada uma democracia plena, nem quando era colônia britânica ou após sua devolução à China em 1997.

Como resultado da reforma eleitoral imposta por Pequim, a assembleia local está composta por políticos leais ao governo chinês.

Este ano, para se candidatar a uma vaga, cada um dos 153 candidatos teve que demonstrar seu "patriotismo" e lealdade política à China.

Além disso, apenas 20 dos 90 assentos do do Conselho Legislativo (o "LegCo") serão eleitos diretamente.

A maioria das cadeiras (40) é definida por um comitê de 1.500 partidários de Pequim. As 30 restantes são eleitas por comitês pró-Pequim que representam organizações empresariais e outros setores.

Assim, a taxa de participação, um reflexo do apoio do povo de Hong Kong ao novo sistema eleitoral, era especialmente esperada.

"Muito incômodo"

"A tensão entre as autoridades e a população ainda persistirá por muito tempo, pois os legisladores não são mediadores porque devem submeter-se à linha de Pequim", declarou à AFP Chung Kim-wah, do Instituto de Pesquisas sobre a Opinião Pública de Hong Kong.

A reduzida participação é "muito incômoda" para o governo, destacou Kenneth Chan, cientista político da Universidade Batista de Hong Kong. "A maioria dos eleitores que defende a democracia decidiu se abster, para expressar sua desaprovação", disse à AFP.

A eleição de domingo recebeu apoio aberto de Pequim, que vê o novo sistema como uma forma de eliminar os elementos "anti-China" e restaurar a ordem com uma legislatura livre de opositores perturbadores.

Os críticos respondem que a China autoritária praticamente baniu os partidos de oposição em uma cidade que se orgulhava da diversidade de seu cenário eleitoral.

Dezenas de figuras da oposição, incluindo algumas que conquistaram assentos legislativos em eleições anteriores, foram presas, desqualificadas ou fugiram para o exterior.

A abstenção, o voto em branco ou o voto nulo ainda são legais em Hong Kong. No entanto, a partir deste ano, promover essas práticas constitui crime, pelo qual 10 pessoas foram presas.

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