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Venezuela

Governo americano reconhece vitória da oposição nas eleições da Venezuela

O chefe da diplomacia dos EUA disse que os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo chavismo, são profundamente falhos

Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony BlinkenSecretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse na quinta-feira, 1º, que o candidato da oposição Edmundo Gonzalez Urrutia, venceu as eleições na Venezuela.

"Dada a evidência esmagadora, está claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano, que Edmundo Gonzalez Urrutia ganhou a maioria dos votos na eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela", disse Blinken no comunicado em que parabenizou a oposição e defendeu uma transição respeitosa e pacífica.

O chefe da diplomacia dos EUA disse que os resultados anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral, controlado pelo chavismo, são profundamente falhos e não representam a vontade do povo venezuelano. O CNE declarou o ditador Nicolás Maduro vencedor, mas não apresentou os dados que comprovariam os resultados e a oposição afirma ter provas de fraude.

A nota destaca que o Conselho Nacional Eleitoral continuou sem divulgar os dados, apesar do apelo da comunidade internacional, e que a missão de observadores do Centro Carter apontou irregularidades no processo.

"Enquanto isso, a oposição democrática publicou mais de 80% das folhas de contagem recebidas diretamente das seções eleitorais em toda a Venezuela. Essas folhas de contagem indicam que Edmundo González Urrutia recebeu a maioria dos votos nesta eleição por uma margem insuperável", afirma o comunicado, ressaltando que observadores, pesquisas boca de urna e contagens rápidas no dia da eleição corroboram a versão.

"Nos dias após a eleição, consultamos amplamente parceiros e aliados ao redor do mundo, e embora os países tenham tomado diferentes abordagens em resposta, nenhum concluiu que Nicolás Maduro recebeu a maioria dos votos nesta eleição", segue Antony Blinken.

O chefe da diplomacia americana também condenou as ameaças de prisão de Nicolás Maduro contra os líderes da oposição María Corina Machado e Edmundo González, como uma "tentativa antidemocrática de reprimir a participação política e manter o poder".

Antony Blinken defendeu que a segurança dos opositores deve ser garantida e pediu a liberação imediata dos manifestantes presos - são mais de mil, de acordo com o Ministério Público da Venezuela, também controlado pelo chavismo.

"As forças de segurança e a aplicação da lei não devem se tornar um instrumento de violência política usado contra cidadãos que exercem seus direitos democráticos", destacou.

Os Estados Unidos adotam um tom firme com a Venezuela e alertaram ontem que a "paciência estava se esgotando" ao cobrar as atas.

O Brasil, por sua vez, também tem pedido por transparência, mas evitou reconhecer resultados. O País assinou mais cedo uma nota conjunta com México e Colômbia cobrando uma apuração imparcial dos resultados. A declaração se seguiu ao telefonema entres os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Andrés Manoel López Obrador e Gustavo Petro. Todos são de esquerda e próximos a Nicolás Maduro.

Como mostrou o Estadão, contudo, a pressão internacional tende a surtir pouco efeito na Venezuela. Em 2019, após a contestada reeleição de Nicolás Maduro, Estados Unidos, Brasil e mais de 50 países reconheceram o autoproclamado presidente Juan Guaidó, mas esse apoio nunca se converteu em poder de fato para o opositor, que hoje vive no exílio.


 

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