Governo chileno desiste de comprar casa de Salvador Allende após críticas da oposição
Em 31 de dezembro, o governo havia anunciado a compra da casa de Allende e de outra do ex-presidente Patricio Aylwin (1990-1994) para transformá-las em museus
O governo do Chile, que pretendia comprar a casa do ex-presidente socialista Salvador Allende para transformá-la em museu, desistiu nesta sexta-feira (3) de sua aquisição após críticas da oposição de direita, que questionou o fato de a residência pertencer a uma ministra de Estado.
"Devido à atual estrutura de copropriedade da comunidade de herdeiros do ex-presidente Allende, determinou-se que não é possível concretizar a aquisição da residência do ex-mandatário", anunciou em comunicado o Ministério de Bens Nacionais.
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A casa, que pertence à ministra da Defesa e neta de Allende Maya Fernández e seu irmão, teria um custo aproximado de 900 mil dólares (R$ 5,5 milhões), segundo assinalou o governo ao meio de informação Fast Check.
Em 31 de dezembro, o governo havia anunciado a compra da casa de Allende e de outra do ex-presidente Patricio Aylwin (1990-1994) para transformá-las em museus.
"A vida e a obra dos presidentes democráticos são parte do patrimônio do país e é papel do Estado conservar e difundir o seu legado", assinalou o governo chileno nesse dia.
Contudo, após a imprensa chilena informar que o imóvel pertencia também à ministra Fernández, a oposição de direita questionou sua compra.
"Vamos recorrer à Controladoria para que possam se pronunciar a respeito deste negócio opaco que envolve uma ministra de Estado e [...] para que possam paralisar de imediato o processo de negociação enquanto se pronunciam sobre sua legalidade", afirmou o deputado opositor Gustavo Benavente ao veículo El Mercurio.
Horas antes de o governo desistir da compra, a porta-voz Aisén Etcheverry disse que, por ser um negócio com pessoas "que ocupam cargos públicos, todas as análises legais estão sendo realizadas para garantir que isso será feito da forma correta".
Allende governou o Chile de 3 de novembro de 1970 até 11 de setembro de 1973, quando os militares deram um golpe de Estado liderados pelo general Augusto Pinochet (1973-1990).
A Biblioteca do Congresso Nacional do Chile estima que o número total de vítimas de violações dos direitos humanos durante a ditadura ultrapassa as 40 mil pessoas, entre torturados, desaparecidos e assassinados.