Governo da Colômbia exige libertação de 78 policiais retidos em protesto contra petroleira
indígenas e camponeses se mobilizaram contra a petroleira Emerald Energy
O governo da Colômbia exigiu, nesta sexta-feira (3), que sejam libertados os 78 policiais retidos por indígenas e camponeses que protestam contra uma petroleira no sudoeste do país, como "requisito" para fazer a mediação entre a comunidade e a empresa.
"Não há nenhuma possibilidade de sentarmos para dialogar enquanto houver qualquer tipo de retenção de membros da instituição policial", declarou o ministro do Interior, Alfonso Prada, antes de pegar um voo para San Vicente del Caguán, no departamento de Caquetá, para lidar com a crise.
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"Dissemos a eles que é um requisito absolutamente insuperável, 'sine qua non', um requisito definitivo para que tenhamos a possibilidade de entrar como governo", acrescentou Prada.
As mobilizações de quinta-feira contra a petroleira Emerald Energy se tornaram violentas e terminaram em confrontos entre a comunidade e a força pública.
Um camponês e um policial morreram, várias pessoas ficaram feridas e os manifestantes detiveram 78 agentes e 6 funcionários da petrolífera, segundo dados da Defensoria do Povo.
"A promotoria, como é seu dever, deve investigar e identificar os criminosos que causaram as mortes em Caquetá. Espero do campesinato nacional colaboração para libertar os funcionários de meu governo retidos", tuitou o presidente Gustavo Petro nesta sexta.
Os manifestantes reivindicam o cumprimento de acordos firmados com a petrolífera que opera na Colômbia, tem sede no Reino Unido e é subsidiária do grupo chinês Sinochem.
Vídeos divulgados pela imprensa local na quinta-feira mostraram as instalações pegando fogo, enquanto homens uniformizados e civis travavam um confronto violento.
A Defensoria do Povo divulgou imagens que mostram dezenas de policiais e alguns civis agrupados em uma grande sala com cadeiras de plástico.
O ministro da Defesa, Iván Velásquez, que também viajará para a região, afirmou que todos os detidos estão "em boas condições". "Eles têm recebido comida, água, nestas circunstâncias estão em condições aceitáveis", disse à imprensa.
"Não estigmatizar"
As reivindicações da comunidade contra a petroleira começaram em novembro, segundo a secretaria de governo de Caquetá.
O ministro Prada garantiu que desde 11 de fevereiro o governo faz mediação entre a empresa e os camponeses, na tentativa de resolver o conflito, que provocou bloqueios temporários a veículos em várias ocasiões.
A tensão escalou na quinta-feira, quando a guarda indígena se juntou às mobilizações, que pedem que a petroleira cumpra compromissos como a pavimentação de 40 km de vias, melhorar a infraestrutura e reduzir o impacto ambiental.
A promotoria anunciou que investigará "os homicídios, sequestros e outros atos de violência" em meio aos protestos.
Em nota de 19 de fevereiro, o órgão estadual que monitora os funcionários públicos pediu às autoridades locais que "convoquem urgentemente um conselho extraordinário de segurança" em Caquetá e afirmou que os bloqueios estavam sendo "restritos" por dissidentes da guerrilha das Farc.
Interrogado sobre a participação de grupos armados nos protestos, Prada pediu para "não estigmatizar, nem permitir a estigmatização do movimento social camponês na Colômbia, mas tampouco cair na estupidez de pensar que não há fatores de perturbação que pretendem utilizar a mobilização social para interesses particulares e ilegais".
"Toda a atuação das forças militares e do Estado vão contra eles; contra os camponeses sempre estendemos a mão para o diálogo", acrescentou.