Governo da Colômbia rejeita declarações do ELN sobre negociações de paz
As partes alegaram violações do acordo em diversas ocasiões, o que levou a crises e suspensões temporárias das negociações
A negociadora-chefe do governo colombiano com o ELN rejeitou, nesta terça-feira (23), as declarações do líder dessa guerrilha, que acusou o Executivo de "perfídia", garantiu que as negociações de paz enfrentam o "pior momento" e anunciou que vão "meditar o cessar-fogo".
"Esse tipo de declaração e esses tipos de qualificações não podem ser admitidos quando o governo deu todas as possibilidades para que esta paz avançasse", disse a delegada do governo Vera Grabe em uma entrevista à W Radio.
O presidente de esquerda, Gustavo Petro, conduz negociações com rebeldes do Exército de Libertação Nacional (ELN) desde novembro de 2022 em meio a turbulências.
As partes alegaram violações do acordo em diversas ocasiões, o que levou a crises e suspensões temporárias das negociações.
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Grabe reagiu a uma entrevista que o negociador da guerrilha Pablo Beltrán concedeu ao jornal El País, em Caracas.
O líder rebelde, de 70 anos, garantiu que estão "muito ofendidos" com este governo e consideram-no "pior" que o do presidente conservador Iván Duque (2018-2022) e o do liberal Juan Manuel Santos (2010-2018), que chegou a um acordo de paz com a guerrilha das Farc em 2016.
"Nunca um Governo esticou tanto a corda como desta vez (…) Estou à frente desta delegação há 10 anos e é o pior momento que enfrentei", disse na entrevista publicada na segunda-feira.
Beltrán rejeita as "negociações regionais" que o governo realiza com a Frente Comunitária Sul do ELN no departamento de Nariño, na fronteira com o Equador, porque garante que se trata de uma facção desobediente que "tem um processo disciplinar".
Mas Grabe acredita que estes diálogos no sudoeste do país devem continuar e não podem ser "apagados": "Temos alternativas (...), mas o ELN ainda não as aceita", admitiu.