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Governo da França é pressionado a responder à insatisfação dos agricultores

O protesto, iniciado há uma semana, busca melhorias na situação econômica dos trabalhadores rurais

Agricultor conduz trator com um cartaz que diz "não há comida sem agricultura" durante um comício no centro de Nantes Agricultor conduz trator com um cartaz que diz "não há comida sem agricultura" durante um comício no centro de Nantes  - Foto: Loic Venance/AFP

Agricultores franceses continuam, nesta quinta-feira (25), com os protestos contra sua difícil situação econômica, um dia antes de uma esperada resposta do governo do presidente Emmanuel Macron.

"Estamos estagnados entre o aumentos dos custos e a queda nos preços dos nossos produtos", resumiu Dominique Kretz, um entre centenas de agricultores que bloqueiam a rodovia M35 perto da cidade de Estrasburgo, nordeste da França.

O protesto, iniciado há uma semana no sul do país, ameaça chegar a Paris se não houver resposta do governo. O principal sindicato do setor, o FNSEA, enviou-lhe 24 demandas na quarta-feira.

Entre as exigências figuram uma ajuda de emergência aos setores em crise; uma flexibilização das normas ambientais, como as relacionadas aos pesticidas; compensações pelo aumento da taxa do diesel de uso agrícola, etc.

A resposta "não pode conter as velhas receitas ou um anúncio de pouca importância (...) Necessitamos claramente que os poderes públicos mudem" de rumo, assegurou Arnaud Rousseau, líder do FNSEA.

O primeiro-ministro, Gabriel Attal, anunciará na sexta-feira "propostas concretas de medidas de simplificação" para os agricultores, indicou o gabinete do ministro da Agricultura, Marc Fesneau, após uma reunião do Executivo.

"Iremos a Paris" 
O clima de tensão voltou a este novo dia de protestos dois dias após a morte de uma agricultora e de sua filha, atropeladas por um veículo que bateu em uma barricada em Pamiers, no sul do país.

Além do bloqueio e de engarrafamentos em vários pontos da França, centenas de tratores passaram em frente às Prefeituras de Rennes e Nantes, no oeste, e também houve ações em supermercados e radares de controle de velocidade no sudoeste.

Em uma das típicas ações de protesto do setor agrícola, manifestantes pararam e saquearam "caminhões estrangeiros, principalmente espanhóis, marroquinos e búlgaros" em Montélimar, disse à AFP Sandrine Roussin, líder do sindicato FDSEA local.

"Tomates, pimentões e abacates" foram lançados na estrada. Uma parte da mercadoria foi queimada, afirmou Roussin.

Os protestos se concentram em zonas rurais, mas se aproximam cada vez mais da capital. O FNSEA e a organização Jovens Agricultores chamaram seus adeptos para protestar na sexta-feira nas grandes estradas "ao redor da capital".

"Stop" ao acordo UE-Mercosul 
A França não é o único país da União Europeia a sofrer com protestos. A quatro meses das eleições no Parlamento Europeu, agricultores de Alemanha, Romênia e Polônia também expressam seu repúdio às normas ambientais europeias e a concorrência "desleal" de produtos importados.

"O que está acontecendo com os agricultores é um sinal de alerta enviado à sociedade francesa e à UE", a favor de "mais liberdade e menos controles", disse o ministro francês da Economia, Bruno Le Maire.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lançou nesta quinta-feira um "diálogo estratégico" com o setor para superar as diferenças, em especial em relação ao Acordo Verde, que inclui normas como um menor uso de pesticidas para lutar contra a mudança climática.

"Os objetivos coletivos do 'Acordo Verde' são existenciais, todos vivemos da natureza", indicou Von der Leyen, que reconheceu o crescente desafio da concorrência estrangeira e de uma regulação nacional.

A oposição de esquerda pediu a Macron que "diga claramente 'stop' ao Acordo", negociado há mais de 20 anos entre a UE e os países sul-americanos do Mercosul, como uma das respostas à insatisfação dos agricultores.

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