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Governo diz que Evo Morales quer "interromper" ordem democrática na Bolívia

Morales e Arce estão envolvidos em uma disputa pelo controle do governo e pela indicação presidencial para as eleições de 2025

O ex-presidente boliviano (2006-2019) Evo Morales Ayma O ex-presidente boliviano (2006-2019) Evo Morales Ayma  - Foto: Aizar Raldes / AFP

O governo da Bolívia interpretou como uma ameaça à "continuidade da ordem democrática" o ultimato que o ex-presidente Evo Morales fez na segunda-feira (23) ao atual mandatário Luis Arce, cobrando que ele trocasse seu gabinete em 24 horas, caso quisesse "continuar governando".

Morales liderou uma marcha de sete dias que culminou com a chegada a La Paz, onde fez um discurso enfático contra o governo que apoiou no passado.

No percurso de cerca de 190 quilômetros que partiu da cidade de Caracollo, houve vários confrontos violentos entre manifestantes armados com paus, pedras e explosivos, alguns a favor de Morales e outros de Arce.

"Se Lucho quer continuar governando, primeiro, em 24 horas, que troque ministros narcotraficantes, ministros corruptos, ministros drogados, que troque ministros racistas", advertiu o líder indígena diante de milhares de apoiadores, sem mencionar nenhum integrante do governo em particular.

Em um comunicado dirigido à comunidade internacional, o Ministério das Relações Exteriores alertou que Morales, com seu ultimato, "ameaçou interromper a continuidade da ordem democrática".

Além disso, a pasta rejeitou "qualquer tipo de extorsão ou condicionamento contra a vontade do povo expressa nas urnas".

Ao final do protesto, Morales retornou à região cocalera do Chapare, seu reduto político, enquanto grupos de seguidores convocaram novas marchas em La Paz.

Houve pelo menos 36 feridos entre manifestantes de ambos os lados durante os sete dias de mobilização.

Morales e Arce estão envolvidos em uma disputa pelo controle do governo e pela indicação presidencial para as eleições de 2025.

Inabilitado judicialmente para ser candidato novamente, o líder indígena acusa seu ex-ministro da Economia de se aliar aos juízes e ao poder eleitoral para impedi-lo de concorrer novamente à presidência.

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