Governo do Chile diz que Venezuela não autorizou voo com migrantes expulsos
O voo buscava repatriar 60 venezuelanos sem documentos migratórios
O governo chileno anunciou, nesta quinta-feira (23), que a Venezuela negou o pouso de um voo com migrantes venezuelanos expulsos do Chile e anunciou “gestões no mais alto nível” para que se cumpra um acordo sobre esta questão.
O avião deveria partir para a Venezuela, mas "infelizmente este voo não foi autorizado", disse a ministra do Interior e Segurança, Carolina Tohá, pressionada pela oposição para agilizar as expulsões de migrantes irregulares, que vinculam ao aumento da criminalidade no país.
O voo buscava repatriar 60 venezuelanos sem documentos migratórios. Segundo explicou o vice-secretário do Interior, Manuel Monsalve, as pessoas identificadas foram detidas pela Polícia de Investigações (PDI) e o avião foi fretado para levá-las de volta.
Leia também
• Presidente do Chile comparecerá à cerimônia de posse de Milei na Argentina
• Nadador cubano que participou dos Jogos Parapan-Americanos pede refúgio no Chile
• Brasil tem 31 medalhas nas disputas iniciais do Parapan, no Chile
Segundo a lei chilena, os migrantes só podem permanecer detidos por cinco dias e, se não forem expulsos nesse prazo, devem ser liberados.
“O governo [do Chile] fez esforços amplos e diversos para poder permitir que os processos de expulsão seguissem adiante”, lamentou Tohá, que enfrenta uma ameaça de julgamento político por parte da oposição de direita que exige a expulsão de 12.000 migrantes irregulares antes do fim do ano.
A ministra garantiu que o governo de Gabriel Boric - que suportou o tom nas últimas semanas em relação à migração irregular - vai realizar "gestões no mais alto nível diplomático para resolver este problema" e poder concretizar expulsões que foram determinadas pela Justiça.
Desde 2017, o Chile registra um aumento exponencial de chegada de migrantes da Venezuela, muitos dos quais atravessam a fronteira a pé vindos da Bolívia e do Peru por passagens clandestinas.
De acordo com estimativas oficiais, dos 1,7 milhão de estrangeiros que chegaram ao Chile nos últimos anos, quase metade são venezuelanos.
Em uma tentativa de melhorar a política cooperativa com a Venezuela, o governo do Chile nomeou este ano um novo embaixador em Caracas, o socialista Jaime Gazmuri, um cargo que esteve vago há cinco anos.
O aumento da migração irregular domina o debate no Chile após uma série de casos policiais que envolveram estrangeiros como protagonistas, entre eles, o ataque com uma granada em 19 de novembro contra um policial.
Em meio à crescente sensação de insegurança dos chilenos, segundo as pesquisas, o país voltará às urnas em 17 de dezembro no referendo para definir se aprova o não o projeto de nova Constituição para substituir o vigente, herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973- 1990).
A oposição se alinhou com a opção "a favor" do novo texto, promovida como a "Constituição da Segurança", e que contém em um de seus artigos a obrigação de expulsar os migrantes irregulares no menor tempo possível.