Governo e oposição buscam "consenso" sobre data das presidenciais na Venezuela
O processo de consultas iniciado pelo Parlamento ocorre em paralelo ao de diálogo
O governo e a oposição da Venezuela retomaram contatos, nesta segunda-feira (19), no contexto da mesa de negociações mediada pela Noruega, em busca de um "consenso" para definir a data das eleições presidenciais deste ano, embora não tenham anunciado avanços.
A reunião foi realizada como parte de um processo mais amplo impulsionado pelo Parlamento venezuelano, de maioria governista, para elaborar uma proposta de cronograma para as eleições, nas quais se espera que o presidente Nicolás Maduro se candidate a um novo mandato de seis anos.
"Tem havido uma ampla gama de propostas de datas" que "vão permitir uma análise profunda e, provavelmente, conseguir uma fórmula de consenso", disse Jorge Rodríguez, que preside a Assembleia Nacional e a delegação do governo nas negociações.
"A delegação da [coalizão opositora] Plataforma Unitaria fez uma proposta geral no tema do desenvolvimento da eleição presidencial para este ano de 2024. Nós recebemos a proposta que será atendida com a mesma força, o mesmo vigor com que foram atendidas todas as propostas apresentadas até o momento", disse Rodríguez em coletiva de imprensa, após um encontro em Caracas com a presença dos mediadores noruegueses.
O processo de consultas iniciado pelo Parlamento ocorre em paralelo ao de diálogo e incluiu a participação de atores políticos afastados da oposição tradicional, além de setores acadêmicos, empresariais e sindicais.
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A proposta de cronograma será entregue ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), acusado pela oposição de servir ao chavismo e encarregado de convocar as eleições.
Previstas para este ano, as eleições presidenciais ainda não têm data, embora um acordo assinado em outubro passado em Barbados previsse a realização do pleito no segundo semestre, com observação da União Europeia.
O chefe da delegação opositora nas negociações, Gerardo Blyde, afirmou, por sua vez, ter aceito a reunião só porque os facilitadores estiveram presentes e disse ter registrado textos que denunciam violações ao acordo de outubro e uma escalada da "repressão" com inabilitações políticas e prisões.
Blyde exigiu que María Corina Machado, candidata eleita nas primárias da Plataforma, seja habilitada a participar das eleições, apesar de estar proibida de ocupar cargos públicos por 15 anos.
E confirmou que foi proposto que as eleições ocorram em dezembro, embora "não se tenha concretizado ainda [...] uma data".
"Prefiro não detalhar com exatidão tudo o que falamos", disse Blyde.