Governo espera concluir negociação de acordo entre Mercosul e União Europeia até o fim do ano
Após a finalização das negociações há ainda traduções e revisões legais.
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O governo brasileiro espera finalizar as negociações do acordo entre Mercosul e União Europeia até o final deste ano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva irá para Montevidéu nesta quinta-feira para reunião com líderes do bloco. A assinatura, no entanto, ainda dependerá de uma série de trâmites para ser efetivada.
O secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, embaixador Mauricio Lyrio, afirmou que a assinatura do acordo em Montevidéu "não é o que está em jogo", e destacou que ainda há um longo caminho após a finalização das negociações.
"A assinatura é só depois da tradução. A assinatura em Montevidéu não é o que está em jogo. Na verdade, todo o acordo que a União Europeia negocia com seus parceiros, após a finalização das negociações, tem um longo processo de tradução. São 26 línguas. Além disso, tem a revisão legal final. Não é isso que está em jogo, mas queremos chegar a conclusão das negociações esse ano ", afirmou.
O embaixador destacou ainda que a expectativa do presidente Lula é pela finalização até a virada de ano e que o governo está "esperançoso" com os avanços recentes.
"O que eu posso dizer é que estamos esperançosos. Fizemos mais uma rodada de negociação na semana passada aqui em Brasília. As questões pendentes foram submetidas aos lideres dos dois agrupamentos. Estamos vendo de maneira positiva o desenrolar das negociações", afirmou, completando:
— O próprio presidente Lula já fez referência ao fato de que tem a expectativa de que tenhamos as conclusões das negociações ate o final do ano e já disse que isso tem o significado que vai além do comercial, tem importância política muito considerável.
A grande expectativa do governo brasileiro, que seria um “gol de placa” para a diplomacia, gira em torno de um acordo de livre comércio com a UE. Uma decisão favorável faria com o que o Brasil saísse fortalecido do encontro, com perspectivas de aumento de comércio e investimentos com o bloco europeu.
Há, no entanto, forte resistência dos franceses. Lula já disse que o acordo não depende da França, e conta com o apoio da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, para concluir as negociações ainda em 2024. A questão, no entanto, é que qualquer acordo assinado pela UE tem de ser aprovado por cada país do bloco, o que dá a Macron a chance de bloquear qualquer entendimento.
Nos últimos dias, várias reuniões técnicas entre representantes do Mercosul e da União Europeia foram realizadas em Brasília. A informação dos bastidores é que questões ligadas ao meio ambiente apresentadas pelo lado europeu e a compras governamentais — um ponto de preocupação do governo Lula — avançaram. No segundo caso, ao assumir a Presidência do Brasil, em janeiro de 2023, Lula anunciou que iria reavaliar o ponto que permite isonomia de tratamento a empresas do Mercosul e da UE em licitações públicas.