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OPOSITOR

Governo russo reage após sucesso de audiência de investigação de Navalny

A longa investigação acompanhada de um vídeo de quase duas horas já foi vista cerca de 40 milhões de vezes no YouTube

Alexei Navalny está detido pelo menos até 15 de fevereiroAlexei Navalny está detido pelo menos até 15 de fevereiro - Foto: Alexander Nemenov/AFP

As autoridades russas tentavam, nesta quinta-feira (21), conter os apelos por protestos contra o governo, alimentados pelo recorde de audiência de uma investigação do opositor russo Alexei Navalny acusando Vladimir Putin de corrupção.

Divulgada na terça-feira (19), essa longa investigação acompanhada de um vídeo de quase duas horas já foi vista cerca de 40 milhões de vezes no YouTube. O material ainda garante que o presidente russo possui uma residência opulenta nas margens do Mar Negro bancada por empresários.

Este luxoso complexo incluiria vinhedos, um estádio de hóquei sobre o gelo e um cassino. Segundo o opositor, pessoas próximas ao presidente russo, como o chefe da gigante petrolífera Rosneft, Igor Sechin, e o empresário Guennadi Timshenko, o financiaram.

O Kremlin rejeitou todas as acusações, denunciando um "ataque" contra Putin e chamando os membros da equipe de Navalny de "vigaristas".

Mas este vídeo alimentou milhares de postagens nas redes sociais em apoio ao chamado para manifestações em toda a Rússia no sábado pela libertação do opositor. Os jovens estão particularmente mobilizados no Tik Tok.

A equipe de Navalny também disse à AFP que recebeu quase 10 milhões de rublos (112 mil euros) em doações. 

O adversário, ignorado pela mídia nacional tradicional, dispõe de grande popularidade e audiência online entre as gerações mais jovens e nas grandes cidades.

Em Moscou, reuniu grandes multidões antes das polêmicas eleições locais de 2019.

Diante dos pedidos de mobilização no sábado, o Ministério Público russo anunciou nesta quinta medidas para "limitar o acesso a informações ilegais" disseminadas online e constituindo "apelos para participação em ações ilegais em massa em 23 de janeiro de 2021".

O Ministério do Interior, por sua vez, afirmou que está preparado para "proteger a ordem pública" no sábado e prometeu processar os autores dos pedidos de manifestação.

No dia anterior, a agência de telecomunicações russa Roskomnadzor emitiu um alerta às plataformas Tik Tok e Vkontakte, o equivalente russo do Facebook, instruindo-as a bloquear conteúdos considerados como apelos a "menores para participarem de atividades ilegais".

O Kremlin também alertou contra os protestos, que serão considerados "atividades ilegais".

A mídia de oposição também noticiou que estudantes russos receberam mensagens de suas universidades dissuadindo-os de participar dessas manifestações.

Após sua prisão no domingo, ao retornar da Alemanha, Navalny convocou manifestações contra o poder em todo o país. Sua equipe planeja protestos em pelo menos 65 cidades.

Alexei Navalny, cuja libertação é exigida pela União Europeia e pelos Estados Unidos, foi preso quando retornava a Moscou depois de vários meses de convalescença após um suposto envenenamento que sofreu em agosto na Sibéria.

Ele acusa o Kremlin de ser o responsável, o que Moscou nega.

O principal opositor russo, detido pelo menos até 15 de fevereiro, também é alvo de vários processos judiciais por "difamação", "fraude" e violação das condições de uma pena de prisão suspensa datada de 2014.

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