Naufrágio com imigrantes

Grécia teria ignorado oferta de ajuda para monitorar barco que naufragou com centenas de imigrantes

Reportagem da BBC afirma que a agência de fronteiras europeia ofereceu enviar avião de monitoramento na véspera do acidente e não teve resposta; há 40 desaparecidos em outro naufrágio, na costa italiana

Imagem aérea mostra barco de pesca superlotado de migrantes que naufragou na GréciaImagem aérea mostra barco de pesca superlotado de migrantes que naufragou na Grécia - Foto: HELLENIC COASTGUARD /AFP

A Agência Europeia da Guarda de Fronteiras e Costeira (Frontex) acusou a Grécia de não ter respondido a uma oferta de envio de um avião para monitorar o barco com imigrantes que naufragou, na semana passada, matando, pelo menos, 82 pessoas. A informação é da rede de TV britânica BBC.

Nesta sexta-feira (23), outra embarcação afundou perto de Lampedusa, na Itália e, segundo a ONU, há dezenas de desaparecidos.

As autoridades gregas estão sob forte crítica por não terem respondido mais rápido ao acidente do dia 14 de junho, que ainda deixou 500 desaparecidos. O barco de pesca saiu da cidade líbia de Tobruk rumo à Itália e afundou a 80 km da cidade grega de Pylos. Apenas 104 pessoas, todos homens entre 16 e 40 anos, sobreviveram.

Testemunhas dizem que 100 mulheres e crianças estavam presas no porão no momento do naufrágio. Autoridades investigam o envolvimento de redes de tráfico humano com a embarcação. Nove suspeitos, apontados por um grupo de resgatados, estão sob custódia da polícia grega.

De acordo com a Frontex, o barco de pesca foi avistado pela primeira vez em 13 de junho, se movendo em águas internacionais na direção da Grécia, por uma aeronave da agência, infomou a BBC. O avião precisou retornar para abastecer e a agência de fronteira diz que fez uma oferta para enviar a aeronave de volta, mas que a Guarda Costeira grega nunca respondeu. A Guarda Costeira da Grécia não comentou a reportagem da rede britânica.

Pouco após o acidente, as autoridades gregas afirmaram que um barco de sua guarda costeira avistou a embarcação, mas que não houve intervenção porque os passageiros — e seus traficantes — teriam rechaçado a ajuda e afirmado que preferiam seguir viagem até o destino final na Itália. Uma abordagem também teria sido perigosa, disse o porta-voz da Guarda Costeira, Nilos Alexiou, dado que a embarcação estava superlotada.

Tragédias anunciadas

Da costa italiana chegam informações, nesta sexta-feira, do que parece ser mais uma tragédia anunciada. Quarenta imigrantes estão desaparecidos depois do naufrágio de uma embarcação perto da ilha de Lampedusa, infomou a porta-voz da Acnur, a agência da ONU para Refugiados Chiara Cardoletti. A Organização Internacional para as Migrações confirmou que o barco saiu de Tunes e transportava imigrantes vindos da África Subsaariana.

Tragédias assim estão longe de ser uma exceção no Mediterrâneo. Desde 2014, mais de 27 mil pessoas morreram e desapareceram fazendo a travessia pelo mar que separa a Europa da África — 21 mil delas apenas na parte onde ocorreu o naufrágio, afirma a Organização Internacional para as Migrações (OIM). Afogamentos foram a causa da fatalidade em 25 mil casos.

Um relatório da Frontex divulgado na semana passada revelou que a rota perigosa feita pela embarcação que naufragou na Grécia registrou, nos cincos primeiros meses de 2023, mais que o dobro de entradas ilegais na União Europeia (UE) que o mesmo período no ano passado. Conflitos e crises humanitárias na África, nos últimos meses, ajudam a agravar o quadro.

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