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Indicativo de greve dos ônibus é aprovado no Grande Recife; parada segue sem data de início definida

O próximo passo vai ser uma reunião entre a diretoria do Sindicato dos Rodoviários, que deve acontecer entre esta quarta e quinta (8), para decidir a data de inicial da greve

Indicativo de greve dos ônibus é aprovado no Grande Recife; parada segue sem data de início definidaIndicativo de greve dos ônibus é aprovado no Grande Recife; parada segue sem data de início definida - Foto: Rafael Furtado/ Folha de Pernambuco

Como já era esperado, o indicativo de greve geral dos ônibus - um mecanismo legal que notifica uma data legal para paralisação - foi aprovado pelos rodoviários do Grande Recife.

Todas as 12 empresas de ônibus da região votaram a favor da paralisação, que ainda não tem data definida para acontecer. As últimas permissionárias que passaram por assembleia foram Cidade Alta e MobiBrasil, na manhã desta quarta-feira (7).

O próximo passo vai ser uma reunião da diretoria do Sindicato dos Rodoviários, que deve acontecer entre esta quarta e quinta (8). Lá, a categoria vai decidir o dia de parada oficial dos ônibus no Grande Recife. Os trabalhadores buscam, entre outras demandas, reajuste salarial e implementação de plano de saúde.

Em contato com a reportagem da Folha de Pernambuco, o presidente do sindicato, Aldo Lima, afirmou que, por mais que ainda não tenha sido definida uma data oficial, a paralisação deve acontecer apenas a partir da próxima semana.

"A gente não vai parar já agora. Ainda vamos sentar para conversar, entre a diretoria, quando vai ser a melhor data. Mas não devemos paralisar nessa semana", disse.

Ainda segundo o presidente, a categoria está aberta a ouvir novas propostas da Urbana-PE.

"A proposta deles foi rejeitada. Se eles apresentarem outra proposta, a gente vai ouvir. Se não fizerem isso, vamos ter que parar. A greve é um instrumento que garante ao trabalhador o direito de reivindicar ou expressar as indignações com os empresários. Não queremos ir para a greve, queríamos avançar, mas, se tivermos que parar, vamos fazer isso, porque temos que ajudar a categoria", completou.

O sindicato vem realizando assembleias desde a última semana nas operadoras de ônibus do Grande Recife. Além da Cidade Alta e MobiBrasil, aprovaram também o indicativo de greve as empresas: São Judas Tadeu, Caxangá, Borborema, Metropolitana, Itamaracá, Globo, Consórcio Recife, Viação Mirim, Rodotur e Vera Cruz. 

As assembleias acontecem em meio a um movimento de pressão da categoria, que começou com um protesto no Centro do Recife no último dia 26 de julho. Na ocasião, eles buscavam um posicionamento do Governo do Estado sobre a pauta, e afirmaram que podem "protestar mais" caso não haja um acordo.

Os rodoviários fecharam ruas do Centro do Recife no final da manhã desta sexta-feira (26)Rodoviários em protesto no Centro do Recife. - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

O que diz a Urbana-PE
A reportagem entrou em contato com a Urbana-PE, que afirmou que "se manteve aberta ao diálogo durante todo o processo, apresentou propostas concretas e sempre buscou um entendimento com os representantes da categoria".

A empresa pontuou ainda que "se empenhará para manter a oferta do transporte público por ônibus e minimizar os prejuízos para a população e para a economia local".

Confira, abaixo, a nota da Urbana-PE na íntegra.

A Urbana-PE reitera que desde o início do mês de julho tratou com o Sindicato dos Rodoviários sobre as negociações coletivas da categoria. A Urbana-PE se manteve aberta ao diálogo durante todo o processo, apresentou propostas concretas e sempre buscou um entendimento com os representantes da categoria. 

Lamentavelmente, as lideranças rodoviárias rejeitaram qualquer possibilidade de acordo e optaram por persistir causando transtornos à população da Região Metropolitana do Recife (RMR). Alertamos que esses movimentos, assim como as tratativas acerca das negociações, têm contado com o envolvimento direto de grupos de não rodoviários com motivações políticas e até de sindicalistas de outros estados, sem qualquer relação com a categoria local ou compromisso com os seus pleitos. 

É inaceitável que a nossa população e a mobilidade da RMR sejam penalizadas para servir aos interesses de determinados grupos. Apenas em 2024 a RMR já sofreu com 29 paralisações ilegais promovidas pelas lideranças rodoviárias, que parecem ter sido estendidas para coincidirem com o período eleitoral. Assim, caso o Sindicato dos Rodoviários opte pela deflagração da greve, a Urbana-PE assegura que se empenhará para manter a oferta do transporte público por ônibus e minimizar os prejuízos para a população e para a economia local.

Reprovação das propostas
Os rodoviários negociam reajustes com a Urbana-PE, que gere as empresas de transporte no Grande Recife, há cerca de um mês. Segundo o sindicato, no entanto, as propostas que não apresentaram melhorias significativas. Os motoristas alegam ainda que a empresa é capaz de oferecer, financeiramente, condições melhores do que foi proposto até agora.

Uma das propostas atuais é de 0,5% de aumento do salário acima da inflação. O pedido dos rodoviários, no entanto, foi de 5% de reajuste real. 

A Urbana-PE propôs, ainda, um valor de R$ 400 para o vale-alimentação, além de um abono de R$ 180 para quem exerce a dupla função - também não aceitos pela categoria. Há, ainda, a instituição de um plano de saúde para os trabalhadores, que até hoje não contam com o benefício, assim como o controle das horas trabalhadas.

Rodoviários estacionam ônibus na Av. Guararapes em protesto contra a Urbana-PERodoviários paralisados. - Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco

Relembra a última greve
No ano passado, entre os dias 26 e 31 de julho, a população do Grande Recife passou por dificuldades na última greve dos rodoviários.

Em seis dias de paralisação, usuários do transporte público da região enfrentaram longas filas e ônibus lotados - nos poucos veículos que seguiram rodando após contratos temporários das empresas.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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À época, a categoria conseguiu reajuste salarial de 4%, além do abono de 70% dos dias de greve para os trabalhadores. Houve também a compensação das horas extras ou complementares, ponto importante para o sindicato.

De lá para cá, no entanto, o clima não esfriou. Somente neste ano a categoria já realizou diversos protestos, com paralisação dos ônibus. As motivações, dentre outras, são cobranças por melhoria das condições de segurança para os trabalhadores, que passaram por casos de violência recorrentes.

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