Greve dos rodoviários no Recife: longo tempo de espera e desistência, no TI Macaxeira
Terminal é atendido por 14 linhas
Em meio à greve dos rodoviários da Região Metropolitana do Recife, que chega ao segundo dia, nesta terça-feira (13), os passageiros de ônibus se sentem prejudicados pela demora do intervalo entre os coletivos, o que contribui para a desistência de apanhar um veículo.
A reportagem da Folha de Pernambuco foi até o TI Macaxeira, na Zona Norte do Recife, e constatou poucas filas de usuários. A maior delas era para o ônibus da linha TI Macaxeira/Alto do Buriti, que demorou mais de uma hora para chegar na parada.
Cuidadora de idosos, Maria da Conceição Caldas, 56 anos, esperava pelo ônibus por mais de uma hora, depois de trabalhar 24 horas, em Casa Forte, na Zona Norte do Recife. Ela mora no Alto do Buriti.
“Todos os outros ônibus estão saindo, menos esse. Eu estou muito cansada. Nem dormi e amanhã vou trabalhar novamente. A patroa só vai chamar carro de aplicativo para mim se essa greve continuar amanhã. Com tudo isso, eu acho uma greve justa. Se eles [os motoristas] não lutarem, quem vai fazer isso por eles?”, interroga.
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Após conceder essa entrevista à Folha, o ônibus chegou ao local. “Só chegou porque vocês, da reportagem, estão aqui”, complementou Maria.
Terceirizados trabalhando
De acordo com um motorista de ônibus, que não quis se identificar, alguns profissionais terceirizados foram convocados para conduzirem transportes coletivos, na RMR, mas em baixa quantidade.
Desistência
A professora Edilene Souza, de 63 anos, desistiu de esperar por um ônibus para ir trabalhar. Ela, que mora em Aldeia, ensina numa escola municipal, no Córrego do Euclides, no Recife. Agora, vai voltar para casa e espera pelo TI Camaragibe/TI Macaxeira. A única solução para ela será dar aula à distância.
“Não vai dar tempo chegar na escola. Estou aqui desde às 8h. O Córrego do Euclides é muito longe, para mim. Sem condições. Infelizmente, temos que acatar a greve. Os trabalhadores estão lutando pela melhoria deles, mas, logicamente, somos atingidos”, comentou.
A paralisação, que começou na segunda (12), foi adotada após 12 assembleias da categoria, que reivindica melhores condições de trabalho, implementação de um plano de saúde, ticket alimentação dobrado, reajuste salarial, gratificação para quem exerce dupla função e garantia de migração e estabilidade para os condutores da empresa Vera Cruz.
O que diz a Urbana-PE?
Por meio de nota, a Urbana-PE informa que, apesar da atuação do Tribunal Regional do Trabalho com vistas à redução dos transtornos sistematicamente causados à população da Região Metropolitana do Recife, as lideranças rodoviárias descumpriram as ordens judiciais.
“Vias importantes da Região Metropolitana do Recife (RMR), como a Av. Agamenon Magalhães, foram bloqueadas, passageiros foram obrigados a desembarcar dos ônibus, a circulação de veículos nos Terminais Integrados foi impedida e houve tentativas de bloqueios das garagens das empresas. Os motoristas compareceram às empresas, o que indica baixa adesão ao movimento paredista nesta terça. A frota foi parcialmente colocada em operação, mas está sendo impedida de circular em diversos pontos”, diz o comunicado.
A empresa relatou ainda que registrou a depredação de três ônibus que estavam em operação, na Avenida Norte, na UR-11 e em Barra de Jangada. Em um dos casos o motorista foi também ameaçado por duas pessoas encapuzadas. Os três veículos foram retirados de operação.
“A atitude das lideranças rodoviárias é abusiva e ilegal. A Urbana-PE reitera que tomará todas as medidas possíveis para garantir a oferta e a circulação dos ônibus na RMR. É inaceitável que as determinações da justiça não sejam cumpridas e que a população siga sendo penalizada pelas lideranças rodoviárias”, finaliza a nota.