Greve: professores rejeitam última proposta do governo e paralisação continua na UFPE, UFRPE e UFAPE
Sindicatos dos docentes se reuniram nesta quinta-feira (23) para debater a decisão
Perto de completar um mês do início da greve nas universidades federais de Pernambuco, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (UFAPE) já decretaram que a paralisação das aulas deverá continuar por tempo indeterminado.
A decisão foi tomada pelo corpo docente das duas instituições em assembleias individuais, realizadas nesta quinta-feira (23). Na UFAPE, a proposta de negociação, enviada pelo Governo Federal, foi rejeitada com 46 votos. No total, apenas 11 membros da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (Sindufape) votaram em favor da oferta, enquanto outros cinco se abstiveram.
Para Lucas Castro, presidente do Sindufape, a falta de resposta do governo em relação a reposição orçamentária das instituições acadêmicas é o maior ponto de instabilidade entre as negociações estabelecidas.
“Tem sido frustrante pensar na construção da UFAPE, nos desafios que temos pela frente, sem essa retomada de investimentos”, destacou.
A lei de criação da UFAPE estabelece a oferta mínima de 30 cursos de graduação, mas atualmente apenas sete estão disponíveis. No corpo docente, menos de 200 professores compõem a grade disciplinar, enquanto a contratação de 600 novos profissionais ainda está em espera. Além disso, o projeto determina a constituição de multicampi, que também não foi concretizado
Segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), são necessários R$ 2,5 bilhões para recompor o orçamento este ano. No entanto, a proposta oferecida pelo governo determina um total de R$ 347 milhões. Neste ponto, o movimento grevista espera a criação de um grupo de trabalho permanente para discussão do orçamento.
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UFRPE
O cenário de insatisfação é o mesmo para os professores da Associação dos Docentes da UFRPE (Aduferpe). Em reunião, o grupo rejeitou a proposta governamental com um total de 114 votos.
Em nota, a Aduferpe esclareceu não concordar com a proposta do governo quanto ao reajuste salarial, que não prevê aumento para este ano. Os servidores reivindicam aumento linear para 2024, incluindo os aposentados que não receberam reajustes até o momento.
A oferta apresentada pelo governo durante a Mesa de Negociação foi de reajuste em duas parcelas, janeiro de 2025 e maio de 2026, que variam de 13,3% a 31,2% até 2026. O movimento propõe a elaboração de uma contraproposta de reposição linear de 3% até julho de 2024, 9% em janeiro de 2025, e 3,5% em maio de 2026.
UFPE
Reunidos em assembleia geral nesta sexta-feira (24), os professores da Universidade Federal de Pernambuco rejeitaram a proposta apresentada pelo Governo Federal. Ao todo , 965 votaram contra e 546 se posicionaram a favor, com 37 abstenções. Com isso, a categoria, em greve desde 22 de abril, decidiram manter a paralisação.
A Assembleia Geral Extraordinária ocorreu simultaneamente nos campi do Recife, no auditório do Centro de Ciências Sociais Aplicadas (CCSA) e de Caruaru, no Núcleo de Ciências da Vida do Centro Acadêmico do Agreste (CAA). Professores do Centro Acadêmico de Vitória (CAA) também participaram. Além disso, houve participação e votação dos docentes on-line.
Na avaliação da professora Teresa Lopes, presidenta da Associação dos Docentes da UFPE (Adufepe), o momento pede a organização da classe para elaborar os próximos passos.
"Agora, vamos fortalecer o movimento porque o governo precisa entender que a educação pública superior é essencial para um projeto de país inclusivo e democrático”, reforçou Teresa.
Na próxima terça-feira (28), os professores vão se reunir para discutir uma resposta à contraproposta rejeitada.
ÚLTIMA NEGOCIAÇÃO
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) comunicou aos sindicatos que encerrou as negociações com os profissionais da educação em greve. O órgão espera firmar um acordo com os representantes da categoria na próxima reunião, agendada para segunda-feira (27). O comunicado foi enviado por e-mail às entidades que representam a categoria.
O conteúdo do e-mail foi disponibilizado publicamento pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). A instituição declarou considerar que a mensagem “reforça autoritarismo e ameaça à greve” e que deseja continuar com as discussões e elaborações de novas propostas para o reajuste salarial.