Gripe aviária: dois estados do Brasil já registram casos da doença; veja os riscos
Até então, cinco infecções em aves foram confirmadas no Brasil; dois possíveis casos em humanos estão em análise
Dois estados brasileiros já registram casos de gripe aviária. Depois que a doença foi identificada pela primeira vez no país em duas aves no Espírito Santo, na última semana, o Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou que outros dois animais foram diagnosticados no mesmo estado, e um quinto no Rio de Janeiro.
“O estado de Espírito Santo contabiliza mais um caso confirmado em ave silvestre, agora da espécie Thalasseus Maximus (nome popular trinta-réis-real). O animal foi encontrado na zona rural do município de Nova Venécia”, diz comunicado da pasta.
“Já o outro caso, também em ave silvestre, foi detectado no estado do Rio de Janeiro, em São João da Barra em área litorânea. Trata-se de ave da espécie Thalasseus acuflavidus (nome popular Trinta-réis-de-bando)”, continua o ministério.
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Ao Globo, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio (SES - RJ) confirmou que até esta segunda-feira foi apenas um registro no estado. As outras três aves infectadas anteriormente foram encontradas nas cidades de Vitória, Cariacica e Marataízes, todas no ES.
O ministério destaca que o vírus não é transmitido para humanos por meio do consumo da carne animal ou dos ovos, porém alerta que o contato direto com o animal contaminado, vivo ou morto, pode ser um meio de transmissão.
Além disso, em nota publicada nesta segunda-feira, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) ressaltou que os casos foram em aves silvestres, e por isso não afetam a produção da avicultura do Brasil.
"O Brasil segue reconhecido como livre da enfermidade perante a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), já que a produção comercial segue sem qualquer registro. A ABPA destaca, ainda, que o registro de novos casos não deve gerar impactos nas exportações brasileiras", afirma a associação.
Há casos de gripe aviária em humanos no Brasil?
Além dos casos em animais, 33 amostras para análise foram coletadas de funcionários do Parque da Fazendinha, em Vitória, onde foi encontrada uma das aves infectadas. Ainda na quinta-feira passada, o subsecretário de Vigilância em Saúde do estado, Orlei Cardoso, afirmou que 32 pessoas já haviam sido liberadas e estavam fora do monitoramento.
A outra, um homem de 61 anos que apresentava sintomas gripais leves, estava com o resultado do exame pendente. Neste fim de semana, o Ministério da Saúde confirmou que o paciente, assim como todos os outros funcionários, recebeu um resultado negativo no teste para gripe aviária.
No entanto, a pasta acrescentou que havia ainda três outras pessoas sintomáticas que foram notificadas no Espírito Santo e, por isso, também estavam sendo monitoradas. Uma delas já teve o diagnóstico para gripe aviária descartado, mas as demais seguem em análise.
“As amostras foram analisadas pelo laboratório da Fiocruz, no Rio de Janeiro, após encaminhamento do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do Espírito Santo. O Ministério da Saúde orientou busca ativa para investigação de todas as pessoas que tiveram contato com os animais”, diz o ministério em nota.
No Rio, a SES - RJ informou que há outras quatro pessoas em monitoramento. "Doze pessoas tiveram contato com a ave silvestre contaminada, mas somente quatro apresentaram sintomas respiratórios e tiveram material coletado para exames (...) Até o momento, não há confirmação de contaminação em humanos. Estamos aguardando resultados", disse a pasta.
O que é a gripe aviária?
A gripe aviária é uma doença provocada por cepas do vírus Influenza que circulam entre aves, porém não se disseminam com facilidade entre humanos. Algumas dezenas de casos em pessoas de fato são registradas pelo planeta anualmente, porém sempre transmitidos pelo animal. Não há registros da doença em humanos no Brasil
No entanto, o crescimento das infecções entre aves, que bateu recordes no último ano, e o registro de contaminação em outras espécies, como mamíferos, têm acendido o alerta entre especialistas, que temem uma mutação que leve o patógeno a circular entre as pessoas.
Como a gripe tem uma alta transmissibilidade, e a versão aviária apresenta uma letalidade elevada ao infectar humanos (cerca de 53%), as autoridades de saúde monitoram de perto qualquer suspeita da doença.
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Em fevereiro deste ano, a Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH) emitiu um alerta em que mencionava os surtos “sem precedentes” entre aves e o risco de ela “se espalhar para humanos”.
“Desde outubro de 2021, um número sem precedentes de surtos foi relatado em várias regiões do mundo, atingindo novas áreas geográficas e causando impactos devastadores na saúde e bem-estar animal”, diz o comunicado. "A situação atual destaca o risco de que a gripe aviária H5N1 possa se adaptar melhor aos mamíferos e se espalhar para humanos e outros animais”.