ATIVIDADE FÍSICA

Grunhir durante o exercício pode dar mais energia? Veja o que diz a ciência

Especialistas consideram que existem aspectos positivos no hábito

MusculaçãoMusculação - Foto: Canva

Todos nós já ouvimos aqueles caras — e eles geralmente são caras — na academia que explodem em som toda vez que levantam uma barra. Esses ruídos fazem alguma coisa para melhorar o desempenho? Ou apenas distrai as pessoas ao redor?

Os benefícios fisiológicos
Não é de surpreender que a pesquisa sobre gritos atléticos seja um pouco tênue. Alguns pequenos estudos sugeriram que ele melhora a força, o poder de ataque e o uso de oxigênio, mas os pesquisadores não têm certeza de como isso funciona.

A maioria dos benefícios tem menos a ver com o som real e mais com a maneira como respiramos antes, segundo Mary J. Sandage, professora de fala e linguagem na Universidade de Auburn, nos Estados Unidos, que estuda atividades físicas extremas e fala.

Sandage aponta que alguns estudos descobriram que algumas pessoas que tiveram suas laringes removidas, e assim não conseguem mais prender ar em seus pulmões, têm dificuldade para levantar objetos pesados.

Isso sugere que parte de nossa força pode vir de algo chamado manobra de Valsalva, na qual você coloca pressão em seus pulmões, mas fecha sua garganta. (Pense no ato de empurrar durante uma evacuação.)

— Fazemos isso para produzir força. Temos que fazer uma armadilha de ar assim para levantar, para empurrar — explica a professora.

Criar pressão interna no seu núcleo dessa forma pode reforçar sua espinha dorsal e permitir que você produza um pouco mais de potência.

O grunhido, então, é como uma válvula de escape para essa pressão. Para Sandage, os benefícios do grunhido provavelmente se aplicam apenas a explosões curtas de esforço, como levantar um peso ou bater em uma bola de tênis.

Os benefícios psicológicos
Há, é claro, outra explicação para o porquê de grunhir ser útil: pode ser principalmente mental.

— Eu vejo isso também como uma maneira de focar a atenção. Como uma liberação emocional e canalização — afirma Sarah Ullrich-French, psicóloga esportiva da Washington State University, nos EUA.

Musculação é considerada uma atividade terapêutica por muitas pessoas Foto: Unsplash

Gritar não é a única maneira de fazer isso. Alguns preferem a respiração consciente, enquanto outros podem focar seus olhos em um ponto fixo — mas a ideia é encontrar uma zona mental onde o desempenho pareça mais fácil. Além disso, a psicóloga ressalta que as técnicas de foco podem trazer mais sintonia com o próprio corpo e aumentar os benefícios do exercício para a saúde mental.

Nas artes marciais japonesas, por exemplo, os atletas usam meditação e vogais curtas e gritadas chamadas kiais para concentrar sua energia. Fazer barulho também pode ajudar a estabelecer um ritmo, já que geralmente grunhimos no auge do esforço, como indica Scott Sinnett, psicólogo cognitivo da Universidade do Havaí, Manoa, que estudou vocalização em esportes competitivos.

Sandage concordou que os benefícios eram tanto psicológicos quanto fisiológicos. E diferentes tipos de ruídos poderiam servir a propósitos diferentes.

As questões sociais
Se fazer barulho melhora ou não seu desempenho, isso definitivamente afeta as pessoas ao seu redor.

Um bom grunhido pode até mudar a forma como seu oponente de tênis avalia seu saque, mascarando o som do golpe.

—Se você não consegue ouvir o som da bola e o giro que ela produz, nem o peso dela, isso vai te afetar — pondera Marjorie Blackwood, três vezes campeã canadense de tênis que passou os últimos 40 anos treinando e trabalhando no esporte.

Sinnett acrescentou que, para um jogador novato, pode ser apenas uma distração ouvir alguém rosnando para ele.

Embora esses mesmos borrões e lamentos na academia possam distrair seu vizinho , você não deve se conter na próxima vez que quiser espremer aquele último resquício de energia, de acordo com Sandage.

Ela destaca que há um estigma em torno de pessoas, especialmente mulheres, que fazem barulhos altos enquanto se exercitam. Por isso, incentiva as pessoas a usarem quaisquer ferramentas que estejam à disposição.

Mas se você realmente não gosta, Sinnett afirma que uma expiração forte e rápida pode ser tão eficaz quanto um grunhido.

Já Blackwood acredita que não há problema em fazer um pequeno barulho, mas que você não deve enlouquecer — esteja você na quadra, na academia ou em uma pacífica floresta nacional.

— Pequenos ruídos — ela propõe.

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