Grupo discute soluções para transporte urbano seguro durante a pandemia em live do TCE
Pesquisadores apresentaram causas e possíveis soluções para viabilizar transporte com menor risco de contágio pela Covid-19
Soluções para a busca pelo transporte público seguro em meio à pandemia respeitando a necessidade de distanciamento social foi o foco central de debate em mais uma edição da TV Escola do Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE), realizada nesta terça-feira (25), por meio de live. A operação do serviço por demanda, a prioridade ao transporte público nas vias e a alocação emergencial de recursos estão entre as medidas apresentadas como meio de garantir maior segurança à população.
Participaram da discussão os professores Enilson Medeiros dos Santos, titular da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e docente no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco; Maurício de Oliveira Andrade, do Centro de Tecnologia e Geociências (CTG) da UFPE e pesquisador em Economia e Regulação de Infraestruturas de Transportes; e Oswaldo Lima Neto, professor aposentado da UFPE e ex-secretário de Planejamento Urbano, Transporte e Meio Ambiente da Prefeitura de Olinda. Pesquisadores de outras regiões e até mesmo de fora do Brasil participaram dos estudos.
Integrantes da Rede de Estudos de Engenharia e Socioeconômicos de Transportes (Reset), os convidados apresentaram as pesquisas que estão sendo realizadas para entender a problemática da mobilidade urbana e do transporte público no Brasil, com ênfase no período que estamos vivendo. Para chegar a possíveis medidas que garantam mais qualidade no sistema e não torne a mobilidade ainda mais arriscada devido à proliferação do novo coronavírus, pesquisadores analisaram para além dos problemas já conhecidos, como a superlotação, o elevado tempo de viagem e a falta de segurança para pedestres e ciclistas.
“Nós temos um problema central, que é a insegurança da mobilidade faixa as condições da Covid-19. E ela tem causas e gera efeitos, sobre pessoas ou sobre o mercado”, explica o professor Maurício Andrade. Entre as causas identificadas estão a falta de integração da saúde - transporte, ausência do transporte público dentro da agenda política e o desequilíbrio econômico e financeiro.
Uma vez pontuadas as causas e efeitos, foram listadas soluções que devem ser pensadas em conjunto e incluem não apenas usuários, mas também empresas e a gestão pública. As medidas vão desde a liberação de mais dados sobre a mobilidade, passando pela operação do serviço de transporte por demanda e até mesmo novos indicadores que demonstrem que o sistema está atuando de forma condizente com as necessidades. Na área mais prática, foram sugeridos transportes, como ônibus e metrôs, mais arejados e atendendo à demanda sem superlotação; ampliação na segurança para a circulação de bicicleta e a pé nas cidades; ampliação da malha cicloviária em 50% com relação à quilometragem anterior ao período de pandemia; elevação da velocidade operacional das linhas e até mesmo controle de distanciamento de passageiros dentro dos coletivos e nas instalações de apoio, como terminais e estações.
Auditor de controle externo do TCE e doutor em engenharia com ênfase em Transporte e Gestão de Infraestruturas Urbanas, Fernando Rolin frisa a importância do debate na busca por melhorias. "As pessoas e as mercadorias precisam se deslocar, o espaço física é limitado e ai acontecem esses choques. O tema é antigo e é comum a todos, mas acaba sendo agravado durante este período", diz o auditor, que também mediou a live.
O projeto, assinado por professores do Departamento de Engenharia Civil da UFPE, está realizando uma série de seminários. Os encontros resultarão em um documento, que poderá ser utilizado para pesquisa acadêmica e por demais setores envolvidos na área de mobilidade urbana. “Isso tem que ser compartilhado. Na quinta-feira (27), finalizaremos os seminários e, a partir disso, vai ser gerado um documento executivo, e até artigo científico, para comunicar as discussões e as consequências porque a Covid está andando e o problema não espera, existe urgência”, acrescenta Maurício Andrade. O material será divulgado posteriormente. A live desta quinta pode ser acessada no canal da TV Escola do TCE no YouTube.