Grupo Estado Islâmico reivindica ataque mortal em hotel de Cabul
Ao menos três pessoas morreram e vinte e uma ficaram feridas no ataque
O grupo Estado Islâmico (EI) reivindicou a autoria do ataque mortal, executado nesta segunda-feira (12), contra um hotel de Cabul, capital do Afeganistão, frequentado por empresários e diplomatas chineses.
O EI informou que dois de seus membros tinham "atacado um grande hotel (...), onde detonaram dois artefatos explosivos escondidos em duas bolsas", um dirigido contra uma festa para convidados chineses e outro na recepção do estabelecimento. Também lançaram granadas de mão e atiraram nos hóspedes, detalhou o grupo em um comunicado.
O Ataque
"Até o momento, recebemos 21 vítimas: três já chegaram mortas", tuitou a ONG italiana Emergency, que administra um hospital em Cabul. A organização não informou se se tratavam de civis ou de responsáveis pelo ataque.
O EI informou que dois de seus membros haviam "atacado um grande hotel, onde detonaram dois artefatos explosivos escondidos em duas bolsas", um deles dirigido contra uma festa para convidados chineses, e o outro, na recepção do estabelecimento.
Um dos dois combatentes lançou granadas contra os oficiais talibãs que tentavam detê-los, e o outro começou a detonar os explosivos e atirar contra os clientes, segundo um comunicado do grupo.
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Nenhum estrangeiro morto
O ataque ocorreu no bairro de Shahr-e-naw, uma das principais zonas comerciais da capital, e terminou com "a morte dos três agressores", informou o porta-voz talibã Zabihullah Mujahid.
O bairro abriga o Hotel Longan, frequentado por empresários chineses, cada vez mais numerosos no Afeganistão desde o retorno dos talibãs ao poder, em agosto de 2021.
"Todos os clientes do hotel foram resgatados, e não morreu nenhum estrangeiro. Apenas dois clientes estrangeiros ficaram feridos, ao se jogarem de um andar superior", disse no Twitter o porta-voz talibã.
Correspondentes da AFP ouviram explosões e tiros. Um vídeo que circulou nas redes sociais mostrava pessoas amontoadas nas janelas dos andares inferiores do prédio. Em outra gravação, chamas e colunas de fumaça podiam ser vistas, saindo de outra parte do imóvel.
Desde o seu retorno ao poder, os talibãs afirmam que aumentaram a segurança no país, apesar dos atentados ocorridos nos últimos meses. Vários deles foram reivindicados pelo braço local do EI.
Fronteira sensível
Pequim não reconheceu o governo talibã oficialmente, mas é um dos poucos países a manter presença diplomática no país. A China compartilha uma fronteira de 76 quilômetros com o Afeganistão e teme que o país possa se tornar uma base para separatistas da minoria uigur, originária da sensível região fronteiriça de Xinjiang.
Os talibãs prometeram a Pequim que o Afeganistão não irá se tornar uma base para ativistas uigures. Em troca, a China ofereceu apoio econômico para a reconstrução do país, afetado por 20 anos de guerra.
A principal preocupação de Pequim é manter um ambiente estável no país vizinho e garantir a segurança em suas fronteiras. Também deseja assegurar seus investimentos estratégicos no Paquistão, um vizinho comum.
Os talibãs também contam com a China para transformar uma das maiores reservas de cobre do mundo em uma área de mineração. A exploração ajudaria a ajustar os rumos de um país com falta de liquidez e castigado por sanções econômicas internacionais.
A China detém os direitos de importantes projetos no Afeganistão, como a mina de cobre de Mes Aynak, na província de Logar (leste). Porém, ainda não iniciou nenhum deles
Esta não é a primeira vez que estrangeiros são alvo no Afeganistão. Em 2 de dezembro, uma agente de segurança ficou ferida, após vários disparos contra a embaixada do Paquistão em Cabul. O EI, que assumiu a autoria do ataque, confirmou que mirava no "embaixador paquistanês e em seus guardas".
Em 5 de setembro, dois funcionários da embaixada russa em Cabul e quatro afegãos também morreram perto do prédio, em um atentado suicida também reivindicado pelo braço local do EI. Foi o primeiro ataque contra uma representação diplomática desde a volta dos extremistas ao poder.