Índia

Grupo incendeia casas de suspeitos de obrigar mulheres a desfilarem nuas na Índia

Imagens mostram duas vítimas da tribo cristã Kuki andando sem roupa por uma rua, ridicularizadas e assediadas por uma multidão

Grupo incendeia casas de suspeitos de obrigar mulheres a desfilarem nuas na ÍndiaGrupo incendeia casas de suspeitos de obrigar mulheres a desfilarem nuas na Índia - Foto: James Mashangva/AFPTV/AFP

Um grupo de pessoas incendiou as casas de quatro suspeitos de terem forçado duas mulheres a desfilar nuas no estado indiano de Manipur, onde confrontos étnicos deixaram pelo menos 120 mortos nos últimos meses, segundo um vídeo divulgado nesta sexta-feira.

Os suspeitos foram identificados a partir de um vídeo do incidente, ocorrido no início de maio, que se tornou viral nas redes sociais na quarta-feira e gerou indignação em todo o país. "Quatro réus foram presos no caso do vídeo viral", escreveu a polícia do estado de Manipur no Twitter na noite de quinta-feira.

As imagens mostram duas mulheres da tribo cristã Kuki andando nuas por uma rua, ridicularizadas e assediadas por uma multidão, presumivelmente do grupo étnico dominante Meitei, principalmente hindu.

Após a prisão dos suspeitos, um grupo de ativistas do Meitei jogou feno na casa de um dos réus em Imfal, capital do estado, e ateou fogo. Outro grupo de mulheres fez o mesmo na sexta-feira, incendiando a casa de um segundo suspeito.

A Índia é um país conservador e patriarcal, mas na comunidade meitei, as mulheres têm um papel maior do que em outros lugares e uma história de luta por seus direitos.

O estado de Manipur tem sido palco de confrontos étnicos nos últimos meses, provocados principalmente pela possibilidade de os Meitei obterem status preferencial sobre os Kuki.

O surto de violência entre os dois grupos tribais, o pior em décadas, deixou pelo menos 120 mortos e milhares de deslocados.

'Atos repugnantes'
O vídeo que se tornou viral provocou manifestações em todo o país na sexta-feira, pedindo a renúncia do chefe do governo local.

— Existem pessoas normais que podem fazer isso? (...) Nem mesmo gatos, cachorros, animais cometem atos tão repugnantes — disse um manifestante perto de Imfal.

A filmagem também provocou uma reação do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que na quinta-feira chamou o incidente de "uma vergonha para qualquer sociedade civilizada".

O governo local, liderado pelo partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP), disse que a polícia agiu assim que o vídeo foi divulgado, mais de dois meses após o incidente. No Twitter, o ministro-chefe de Manipur, Biren Singh, observou que uma "investigação completa" estava em andamento. "Vamos garantir que medidas estritas sejam tomadas contra todos os perpetradores, incluindo a possibilidade de pena capital", acrescentou.

A violência de maio eclodiu após uma marcha de protesto contra a possibilidade de a comunidade Meitei obter o status mais vantajoso de "tribo registrada", que lhes garantiria cotas para empregos públicos e ingresso em universidades.

Essa hipótese reavivou antigos temores da tribo Kuki de que os Meitei pudessem adquirir terras em áreas hoje reservadas a eles e a outros grupos tribais.

Em um relatório apresentado ao tribunal em junho, o grupo da sociedade civil Manipur Tribal Forum afirmou que muitos atos de violência, incluindo estupros e decapitações, foram cometidos sem investigação das autoridades locais.

Veja também

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela
Venezuela

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios
Queimadas

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios

Newsletter