Internacional

Grupos criminosos usam violência sexual para aterrorizar população no Haiti, alerta ONU

Grupos armados travam guerras territoriais no país

Capital do país enfrenta onda de violência Capital do país enfrenta onda de violência  - Foto: Richard Pierrin / AFP

Os grupos criminosos do Haiti, que controlam a maior parte da capital, Porto Príncipe, usam a agressão sexual para aterrorizar a população e consolidar seu poder territorial, alerta a ONU em relatório divulgado nesta sexta-feira.

Mais de meia dúzia de grupos armados travam guerras territoriais no país caribenho, mas os combates na capital são particularmente intensos, o que torna os deslocamentos perigosos e dificulta o funcionamento dos hospitais.

"Os grupos usam a violência sexual para incutir medo, e o número de casos aumenta diariamente de forma alarmante", alertou a alta comissária interina da ONU para os Direitos Humanos, Nada Al-Nashif.

O relatório menciona estupros coletivos de crianças de até 10 anos e mulheres idosas, muitas vezes diante de familiares. Os grupos usam os estupros "para castigar, subjugar e infligir dor" aos haitianos, e como ferramenta coercitiva, para forçar a cooperação, aponta o texto.

No ano passado, "a violência das gangues saiu do controle" nas cidades do Haiti, aponta o relatório, segundo o qual 60% de Porto Príncipe pode estar agora sob território controlado por grupos criminosos, o que representa pelo menos 1,5 milhão de pessoas.

Divulgado pelo escritório da ONU no Haiti e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, o relatório destaca que algumas vítimas são sequestradas e submetidas a agressões "por vários dias ou semanas".

Os ataques têm o objetivo de castigar os haitianos por viverem ou atravessarem áreas controladas por grupos rivais ou pressionar as famílias das vítimas a pagar resgate. Em apenas uma semana de julho, gangues armadas rivais agrediram sexualmente 52 mulheres e meninas no distrito de Cité Soleil, na capital, segundo o relatório. Quase todas as agressões sexuais ficam impunes, afirma o relatório, em parte devido à insegurança reinante.

A violência das gangues diminuiu no Haiti entre 2004 e 2017, quando as forças de paz da ONU estavam no país, mas aumentou desde então. Os grupos lutam entre si e oprimem a população com armas cada vez mais sofisticadas, segundo o relatório.

O documento pede aos órgãos da ONU, grupos da sociedade civil e outros que ajudem o Haiti a fortalecer seus sistemas policial, de saúde e judicial, para lutar contra a impunidade. Sem isso, enfatiza, a onda de estupros "pode destruir ainda mais um tecido social já profundamente frágil e minar as perspectivas de uma estabilidade duradoura".

Veja também

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela
Venezuela

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios
Queimadas

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios

Newsletter