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EQUADOR

Guarda Costeira equatoriana combate traficantes em Guayaquil

Além das comunidades, o combate também é travado nos manguezais e enseadas que rodeiam este ponto da costa colombiana

Vista aérea mostrando mensagens sobre a gangue criminosa em Guayaquil, Equador Vista aérea mostrando mensagens sobre a gangue criminosa em Guayaquil, Equador  - Foto: Enrique Ortiz/AFP

Em Guayaquil, epicentro do narcotráfico no Equador, a luta contra os grupos criminosos não ocorre apenas nas favelas. Nesta cidade portuária, o combate também é travado nos diversos manguezais e enseadas que rodeiam este movimentado ponto da costa colombiana.

O barco da Guarda Costeira percorre o rio Guayas. À direita, frondosos manguezais escondem a exploração de camarões disseminada pelo imenso estuário. À esquerda, veem-se as casas de tijolo de uma das favelas, território dos grupos que espalham terror por toda a cidade.

E no centro, como um porta-aviões, um enorme porta-contêineres de cerca de vinte metros de comprimento abre passagem pelo estreito canal.

O estuário de Guayaquil e seus 28 portos (incluindo um em águas profundas) é o pulmão da economia equatoriana: tirando o petróleo, 80% das exportações do país saem por esse golfo, sobretudo seus principais produtos, como a banana e o camarão.

Também é um paraíso para os narcotraficantes, que trazem cocaína dos vizinhos Colômbia e Peru. O Equador "se tornou o principal distribuidor de cocaína" do mundo, aponta o capitão de fragata, Fernando Álvarez.

Cerca de "70% da cocaína que chega à Europa vem do Equador, e 80% dessa cocaína sai de Guayaquil", explicou à AFP esse oficial do Comando da Guarda Costeira, unidade local da Marinha encarregada de combater atividades ilícitas.

"Contaminação" 
"Toda a cidade está conectada por canais. É uma tarefa muito, muito complicada controlar tudo isso....", confessou outro oficial, sob condição de anonimato. O grande canal natural que conecta a cidade com o mar aberto tem quase 75 quilômetros de comprimento.

Os narcotraficantes atuam em todas as partes, dentro dos portos, nos canais e também mar adentro.

Em primeiro lugar, vem o transporte tradicional, por barco, até a América do Norte. Em vinte anos, os traficantes passaram de pequenas embarcações a barcos rápidos, semissubmersíveis, submarinos. "Um aumento substancial em concordância com todo o dinheiro que têm". indica Álvarez.

A rota passa pelo sul e pelo norte do protegido arquipélago de Galápagos, 1.100km ao oeste, e representa um intenso contrabando de combustível.

Com a explosão do fentanil nos Estados Unidos, o consumo de cocaína se deslocou para a Europa. O tráfico seguiu o mesmo caminho, pois "dessa região de Guayas zarpam navios mercantes para todo o mundo, principalmente para a Europa", continuou o capitão.

Tradicionalmente, "a contaminação (por carregamentos clandestinos de cocaína) ocorre na fase anterior, antes do envio da mercadoria".

"Mas também ocorre nos arredores dos portos, onde os barcos são abastecidos pelos narcotraficantes", destacou Álvarez.

Esse último modus operandi é pouco conhecido. "A droga é armazenada em regiões localizadas ao longo dos canais, estejam ou não habitadas. Utilizando pequenas embarcações, os traficantes abordam clandestinamente grandes navios e os contaminam", explicou.

"Há manguezais em todas as partes, por isso é muito fácil se esconder", acrescentou, por sua vez, o outro oficial.

Como os piratas, "se aproximam em pequenas embarcações e utilizam escadas ou ganchos para subir nos enormes navios petroleiros e porta-contêineres. Retiram os selos dos lacres para esconder a droga e vão embora com a mesma rapidez".

No geral, atuam de noite ou ao amanhecer, às vezes com a cumplicidade da tripulação ou das partes.

"Esses criminosos são verdadeiros homens-aranhas!".

"Cada vez mais violentos" 
Frequentemente, os criminosos fingem ser pescadores e estão muito bem organizados. Depois acompanham o caminho dos navios para gerenciar o recebimento da mercadoria nos portos europeus.

"Se suspeitamos que existe risco de contaminação, levamos a bordo um grupo tático para proteger o barco", disse Álvarez. Alguns navios também recorrem a escoltas de segurança privada.

Embora, geralmente, os grupos evitem o confronto, "não duvidam em abrir fogo. E atiram suas armas na água quando os interceptamos".

"Cada vez são mais violentos. Adaptam-se constantemente", segundo o funcionário.

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