Guatemala usa gás para dispersar imigrantes hondurenhos em direção aos EUA
Os imigrantes hondurenhos, muitos deles com crianças, dizem que fazem caravanas para tentar escapar da violência e da pobreza de seu país, agravadas com a pandemia do coronavírus
A polícia da Guatemala dispersou nesta segunda-feira (18) uma caravana de imigrantes, em sua maioria hondurenhos, que seguia para os Estados Unidos na esperança de encontrar uma política de imigração menos dura do novo governo de Joe Biden, que toma posse em dois dias.
O grupo estava acampado numa estrada na cidade de Vado Hondo, a cerca de 55 km das fronteiras de Honduras e El Salvador. A tropa de choque da polícia avançou contra a multidão e usou gás lacrimogêneo para dispersá-la.
Com os soldados observando, os imigrantes voltaram a embarcar nos ônibus para que os levassem de volta à fronteira, mostrou um vídeo nas redes sociais.
"Estamos com medo", disse Rosa Alvarez, uma mãe hondurenha que estava no bloqueio na estrada pouco antes de as tropas começarem a evacuar a área. "Queremos apenas passar livremente para os Estados Unidos."
A caravana havia saído de San Pedro Sula, em Honduras, na madrugada de sexta-feira (15), com cerca de 8.000 pessoas, segundo o governo. No domingo (17), após um confronto com as forças de segurança que queriam impedir a passagem do grupo, cerca de 2.000 deles se instalaram na estrada.
Algumas pessoas ficaram feridas quando as tropas expulsaram a multidão, disse Andres Gomez, um guatemalteco que estava na caravana. "Isto não é uma guerra. É uma caravana com mulheres e crianças. Os soldados não têm o direito de bater em ninguém."
O governo da Guatemala disse que enviou mais de 1.500 imigrantes de volta, a maioria para Honduras, e outras cem pessoas para El Salvador.
Os imigrantes hondurenhos, muitos deles com crianças, dizem que fazem caravanas para tentar escapar da violência e da pobreza de seu país, agravadas com a pandemia do coronavírus.
O presidente mexicano, Andrés Manuel Lopez Obrador, advertiu aos migrantes nesta segunda que não tentassem entrar nos países à força e disse que estava em contato com as equipes do atual presidente dos EUA e do presidente eleito sobre a caravana de migrantes.
O chefe da polícia de fronteira hondurenha, Julian Hernandez, afirmou que mais de 800 funcionários de segurança tentaram parar a caravana na fronteira com a Guatemala, mas os migrantes empurraram a barreira, alguns usando crianças "como escudos".
A primeira caravana de migrantes do ano acontece pouco antes da posse do novo presidente dos Estados Unidos, marcada para 20 de janeiro. O grupo disse ter esperança de um possível relaxamento das políticas de imigração -uma possibilidade que Washington, até o momento, rejeitou.
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"Instamos Honduras a avaliar e fortalecer as medidas de controle de fronteira para prevenir futuras caravanas", disse Michael Kozak, vice-secretário de Estado que cuida de assuntos relacionados com a América Latina.
Desde outubro de 2018, mais de uma dezena de caravanas, algumas com milhares de migrantes, deixaram Honduras rumo aos Estados Unidos.