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Guerra da Síria: Biden discursa sobre tomada de Damasco por rebeldes e queda do regime Assad

Presidente americano discursou na tarde deste domingo sobre a mudança de poder que afeta diretamente o equilíbrio de forças no Oriente Médio

Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em discurso sobre a queda de Bashar al-AssadPresidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em discurso sobre a queda de Bashar al-Assad - Foto: Chris Kleponis/AFP

Em seu primeiro pronunciamento após a tomada de Damasco por grupos rebeldes sírios, o presidente dos EUA, Joe Biden, discursou na tarde deste domingo, na Casa Branca, sobre a mudança de poder na Síria , com a queda do regime de Bashar al-Assad após 13 anos de guerra civil.

A vitória militar dos rebeldes liderados pelo Hayet Tahrir al-Sham (HTS), grupo considerado terrorista por Washington, promete alterar a dinâmica de poder no Oriente Médio, com repercussões para além da região.

A surpreendente e rápida queda da dinastia Assad, que governava a Síria com mão de ferro desde 1970, pegou o mundo de surpresa. Neste domingo, após a tomada de Damasco pelos rebeldes liderados pelo HTS, e a confirmação da fuga do ditador Bashar al-Assad, vários países se posicionaram entre comemoração e cautela com a nova situação que vai mexer com a geopolítica do Oriente Médio e afetar a estabilidade regional, a principal preocupação internacional

Entre os vizinhos, os mais diretamente afetados pela troca de regime em Damasco, os aliados de Assad preferiram a cautela enquanto esperam a evolução da situação.

O Irã, potência regional xiita que apoiou Assad na guerra civil e foi um dos principais pilares de sustentação do ditador, pertencente a uma seita minoritária do xiismo, disse em comunicado da Chancelaria que vai adotar "abordagens e posicionamentos apropriados" de acordo com "o comportamento e desempenho dos atores efetivos" no novo organograma de poder na Síria.

Na nota, Teerã afirma esperar relações "amistosas" com o novo governo. "As relações entre as duas nações de Irã e Síria têm um longo histórico e sempre foram amistosas, e é esperado que essas relações continuem", disse o comunicado do governo do país, que teve sua embaixada em Damasco vandalizada neste domingo.

O vizinho Iraque, que assim como o Irã também tem maioria xiita, exortou o respeito ao "livre arbítrio" dos sírios e "à segurança, integridade territorial e independência" do país, que "são de importância primordial", segundo comunicado do porta-voz do governo, Basim Alawadi.

Já entre os rivais regionais de Assad, como Turquia e Israel, houve celebração. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, comemorou o que chamou de "dia histórico no Oriente Médio" e a queda "de um elo central no eixo do mal do Irã". Em visita às Colinas de Golã, onde ordenou a ocupação da zona-tampão entre a região, anexada por Israel após sua tomada da Síria em 1967, e o país vizinho, Netanyahu reivindicou parte do crédito pela queda de Assad.

— Isso é resultado direto dos golpes que infligimos ao Irã e ao Hezbollah, os principais apoiadores de Assad. Foi desencadeada uma reação em cadeia pelo Oriente Médio, empoderando aqueles que buscavam se libertar desse regime opressor — disse ele, referindo-se ao grupo xiita libanês aliado do ditador sírio que foi profundamente debilitado por Israel em uma rápida e intensa guerra entre setembro e novembro.

O premier prometeu adotar ações "contra possíveis ameaças", alertando que a mudança de regime em Damasco "oferece grande oportunidade", mas também está repleta de "perigos significativos".

Já na Turquia, que apoia grupos anti-Assad, como o Exército Nacional Sírio, o chanceler Hakan Fidan procurou neste domingo acalmar a comunidade internacional sobre a chegada dos rebeldes islamistas ao poder.

Segundo ele, Ancara vinha trabalhando com atores regionais e internacionais para garantir que "o novo governo e a nova Síria não representarão uma ameaça a seus vizinhos, pelo contrário, a nova Síria vai atacar os problemas existentes, vai eliminar as ameaças".

Ele acrescentou que Ancara está em contato com outros governos para se certificar que "organizações terroristas" não "se aproveitem da situação", citando o Estado Islâmico e o Partido dos Trabalhadores Curdos (PKK). O chanceler turco indicou que milhões de sírios deslocados pela guerra civil iniciada em 2011 poderão agora voltar a seus lares. A Turquia é o principal destino de refugiados sírios no exterior, abrigando cerca de 3 milhões.

— Temos de ficar atentos no período de transição — disse ele no Fórum de Doha, no Catar.

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