Guerra na Ucrânia: Rússia é acusada pelo Reino Unido de treinar golfinhos de combate na Crimeia
Vários exércitos, nas últimas décadas, retomaram a prática de usar mamífero marinhos altamente inteligentes para fins militares
A inteligência militar britânica afirmou, nesta sexta-feira (23), que a Rússia parece estar treinando golfinhos de combate, na península anexada da Crimeia, para contra-atacar as forças da Ucrânia.
Em seu último relatório sobre a situação no país, o Ministério da Defesa britânico explicou que, há um ano, a Rússia fez melhorias "significativas" em Sebastopol, a principal base de sua frota no Mar Negro.
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"Isso inclui ao menos quatro camadas de redes e barreiras na entrada do porto. Nas últimas semanas, estas defesas provavelmente foram reforçadas pelo aumento do número de mamíferos marinhos treinados", revelou o departamento governamental, em uma rede social.
"As imagens mostram quase o dobro de gaiolas flutuantes de mamíferos no porto, que provavelmente contêm golfinhos-nariz-de-garrafa", acrescentou, considerando que esses animais "provavelmente visam combater os mergulhadores inimigos".
Vários exércitos, em particular dos Estados Unidos e da Rússia, nas últimas décadas, retomaram a velha prática de usar animais altamente inteligentes, do grupo dos cetáceos, para fins militares.
A Crimeia, península ucraniana anexada pela Rússia em março de 2014, abriga um centro de treinamento de mamíferos marinhos desde 1965. Após a queda da União Soviética, em 1991, o centro foi fechado e seus golfinhos foram vendidos ao Irã, segundo a imprensa russa. A Marinha ucraniana o reabriu em 2012, mas, após a anexação da península, passou para o controle de Moscou.
Segundo o relatório britânico, a Marinha russa usou baleias beluga e focas para várias missões nas águas do Ártico.
Uma baleia usando um arnês — espécie de cinto ou coleira — apareceu na Noruega em 2019, e gerou especulações de que estava sendo usada para vigilância, ressurgiu na costa da Suécia no mês passado. Os noruegueses a apelidaram de "Hvaldimir", um trocadilho com a palavra norueguesa para "baleia" (hval) e o nome do presidente russo Vladimir.
Seu arnês tinha um suporte adequado para acomodar uma câmera e as palavras "equipamento de São Petersburgo" impressas nos fechos.
Durante a Guerra Fria, tanto a União Soviética quanto os Estados Unidos usaram golfinhos, treinando-os para detectar submarinos, minas, e objetos ou indivíduos suspeitos perto de portos e navios. Um coronel soviético aposentado, Viktor Baranets, disse à AFP que Moscou chegou a treinar golfinhos para implantar explosivos em navios inimigos.