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Ciência

'Hack cerebral' simples pode impulsionar o aprendizado, mostra experimento

Estudo descobriu que uma mentalidade curiosa melhora a memória, enquanto uma de alta pressão é mais indicada para resolver um problema de curto prazo ou urgente

cérebro humanocérebro humano - Foto: Unplash

Mudar de uma mentalidade de alta pressão para uma curiosa melhora a memória. Por outro lado, a de alta ´pressão, que consiste na busca urgente e imediata de objetivos, pode ser melhora quando se trata de resolver um problema urgente ou de curto prazo.

Pesquisadores da Universidade Duke, nos Estados Unidos, recrutaram 420 adultos para um experimento no qual eles fingiam ser ladrões de arte por um dia. Os participantes foram designados aleatoriamente para um dos dois grupos: no primeiro, a pessoa era um ladrão explorando um museu de arte virtual em preparação para um assalto, no segundo, as pessoas estavam executando o roubo no momento.

"Para o grupo urgente, dissemos: 'Você é um ladrão e está fazendo o roubo agora. Roube o máximo que puder!'. Enquanto para o grupo de curiosos dissemos que eles eram um ladrão que está patrulhando o museu para planejar um futuro assalto", disse a pesquisadora Alyssa Sinclair, do Duke Institute for Brain Sciences.

Depois de receber sua missão, os participantes dos dois grupos jogaram exatamente o mesmo jogo de computador, pontuando exatamente da mesma maneira. Eles exploraram um museu de arte com quatro portas coloridas, representando salas diferentes, e clicaram em uma porta para revelar uma pintura da sala e seu valor. Algumas salas continham coleções de arte mais valiosas. Não importa em qual cenário eles estivessem fingindo estar, todos ganharam um bônus real ao encontrar pinturas mais valiosas.

O experimento avaliou o impacto de dois tipos de motivação diferentes: a exploração curiosa de um objetivo futuro versus a busca urgente e imediata de objetivos.

O impacto dessa diferença de mentalidade ficou mais evidente no dia seguinte. Quando os participantes se conectaram novamente, eles foram recebidos com um questionário sobre se eles poderiam reconhecer 175 pinturas diferentes (100 do dia anterior e 75 novas). Se os participantes sinalizassem uma pintura como familiar, eles também teriam que lembrar quanto ela valia.

Os resultados, publicados na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, mostraram que aqueles que estavam explorando o local antes do roubo eram melhores em lembrar as pinturas que viram, em comparação com aqueles que estavam sob a pressão de praticar o assalto.

"Os participantes que imaginaram planejar um assalto tiveram melhor memória no dia seguinte. Eles reconheceram corretamente mais pinturas e se lembraram de quanto valia cada pintura. E a recompensa aumentava a memória, então pinturas valiosas eram mais propensas a serem lembradas. Mas não vimos isso nos participantes do grupo urgente, que imaginaram executar o roubo", disse Sinclair.

Por outro lado, os participantes do grupo que estava sob pressão também tiveram uma vantagem. Eles eram melhores em descobrir quais portas escondiam peças mais caras e, como resultado, conseguiam pinturas de maior valor.

De acordo com os autores, a diferença nas estratégias e seus resultados não significa que uma seja melhor que a outra. Mas eles acreditam que essas diferenças sutis de motivação têm grande potencial para enquadrar desafios do mundo real, como encorajar as pessoas a tomar uma vacina, estimular ações contra a mudança climática e até mesmo tratar distúrbios psiquiátricos.

"É valioso aprender qual modo é adaptativo em um determinado momento e usá-lo estrategicamente", disse Alison Adcock, também autora do estudo.

Por exemplo, estar em um modo urgente e de alta pressão pode ser a melhor opção para um problema de curto prazo. Por exemplo, ao se deparar com um animal perigoso enquanto faz uma trilha. Essa mentalidade também pode ser útil em cenários menos terríveis que exigem foco de curto prazo, como levar as pessoas a tomar uma vacina contra Covid durante a pandemia.

Já para encorajar a memória ou uma ação de longo prazo, estressar as pessoas é menos eficaz. O próximo passo do estudo é ver como a urgência e a curiosidade ativam diferentes partes do cérebro. Evidências iniciais sugerem que, ao envolver a amígdala, uma região cerebral em forma de amêndoa mais conhecida por seu papel na memória do medo, o "modo urgente" ajuda a formar memórias focadas e eficientes.

A exploração curiosa parece transportar a dopamina, que melhora o aprendizado, para o hipocampo, uma região do cérebro crucial para a formação de memórias detalhadas de longo prazo.

Adcock está explorando como usar essa descoberta para beneficiar seus pacientes psiquiátricos.

"A maior parte da psicoterapia de adultos é sobre como encorajamos a flexibilidade, como no modo curioso. Mas é muito mais difícil para as pessoas, já que passamos grande parte de nossas vidas adultas em modo de urgência. Esses exercícios de pensamento podem dar às pessoas a capacidade de manipular suas próprias torneiras neuroquímicas e desenvolver 'manobras psicológicas' ou pistas que agem de forma semelhante a produtos farmacêuticos", explicou Adcock.

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