GUERRA NO ORIENTE MÉDIO

Hamas liberta segundo grupo de reféns e Israel solta 39 prisioneiros palestinos

Entrave se deu por alegações de que a entrada de caminhões de ajuda no Norte de Gaza não foi permitida por Israel, além dos critérios de seleção para a libertação dos prisioneiros palestinos

Em meio à trégua na guerra entre Israel e o Hamas, reféns são libertadosEm meio à trégua na guerra entre Israel e o Hamas, reféns são libertados - Foto: Said Khatib/AFP

Dezessete reféns, 13 deles israelenses, que estavam detidos em Gaza há semanas, foram libertados neste sábado (25) à noite, no segundo dia da trégua entre o Hamas e Israel, que, em troca, libertou 39 prisioneiros palestinos.

O braço armado do movimento islâmico palestino Hamas, as Brigadas Ezzedine al-Qassam, anunciou que havia entregue 13 reféns israelenses e 4 estrangeiros ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), antes da meia-noite.

O Hamas revisou esse número para baixo, depois de anunciar inicialmente que havia entregue 13 reféns israelenses e 7 estrangeiros. Israel e Egito confirmaram que 17 reféns foram libertados. O escritório do primeiro-ministro israelense disse em comunicado que o governo "abraça os 17 reféns que estão voltando para casa, 13 de nossos cidadãos e 4 tailandeses".

Imagens divulgadas pela televisão egípcia mostraram o comboio de reféns cruzando para o Egito através do posto de fronteira de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Autoridades israelenses posteriormente indicaram que chegaram a Israel.

Em troca, Israel libertou 39 prisioneiros palestinos na noite de sábado, todos mulheres e adolescentes menores de 19 anos, assim como os reféns libertados pelo Hamas, que são mulheres e crianças.

A trégua de quatro dias, prorrogável, obtida na quarta-feira por Catar, Estados Unidos e Egito, prevê a libertação de um total de 50 reféns israelenses, dos mais de 200 capturados em Gaza, e de 150 palestinos presos em Israel.

Inclui também a entrada humanitária e de combustível em Gaza.

Bloqueio
O movimento islamista palestino atrasou durante a tarde deste sábado a libertação deste segundo grupo de reféns, acusando Israel de não respeitar o acordo, especialmente em relação à entrega de ajuda humanitária no norte da Faixa de Gaza.

O Exército israelense negou a violação do acordo.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al Ansari, indicou na rede social X, antigo Twitter, que "os obstáculos para liberar os prisioneiros" foram "superados".

Na sexta-feira, o Hamas entregou um primeiro grupo de 13 reféns israelenses - assim como dez tailandeses e um filipino que não faziam parte do acordo inicial - ao CICV para serem levados a Israel via Egito.

Por sua vez, Israel libertou 39 palestinos presos, mulheres e jovens menores de 19 anos.

Os bombardeios israelenses em Gaza, contínuos desde o ataque perpetrado em Israel em 7 de outubro pelo Hamas, e a ofensiva militar no norte do território palestino cessaram, assim como os disparos de foguetes do Hamas em direção a Israel.

"Não esquecer"
Em Tel Aviv, os rostos sorridentes dos reféns libertados na sexta-feira foram projetados na fachada do Museu de Arte, com as palavras: "Estou de volta em casa".

"Hoje, estamos felizes em ver os nossos de volta, mas não devemos esquecer todos os que ainda não retornaram", disse Yael Adar, nora de Yaffa Adar, de 85 anos, e a mais idosa dos reféns libertados, no site de notícias Ynet.

O chefe do Estado-Maior israelense, general Herzi Halevi, alertou, no entanto, que a guerra não tinha terminado.

"Começaremos a atacar Gaza novamente assim que a trégua terminar (...) para desmantelar o Hamas e criar uma enorme pressão para trazer de volta o mais rapidamente possível o maior número de reféns possível, até o último deles", afirmou.

Júbilo na Cisjordânia
Na Cisjordânia ocupada, cenas de alegria acompanharam o retorno dos prisioneiros libertados, recebidos como "heróis" em algumas áreas, com fogos de artifício, bandeiras palestinas e do movimento Hamas.

Em Jerusalém Oriental, ocupada por Israel desde 1967, as celebrações foram proibidas.

"Esperava o dia em que seria libertada da prisão e pudesse abraçar minha mãe", explicou à AFP Rawan Nafez Mohammad Abu Matar, de volta à sua casa perto de Ramallah, na Cisjordânia, e que foi condenada em 2015, aos 21 anos, a nove anos de prisão por tentativa de assassinato contra um guarda de fronteira israelense.

Em 7 de outubro, os combatentes do Hamas mataram 1.200 pessoas e sequestraram cerca de 240, segundo as autoridades, no pior ataque em solo israelense na história do país.

Em resposta, Israel bombardeou implacavelmente o pequeno território. O grupo islamista, que governa Gaza desde 2007, afirma que 14.854 pessoas morreram até agora, incluindo 6.150 crianças, devido à ofensiva israelense.

"Esperamos que dure"
A trégua representa um primeiro momento de alívio para os habitantes de Gaza, que também enfrentam um "cerco total" por parte de Israel, com acesso limitado a água, comida, eletricidade e medicamentos.

"A trégua é boa, esperamos que dure. [...] As pessoas querem viver", confessou à AFP Mohammed Dheir, que encontrou refúgio com sua família em Rafah, no sul.

O Exército considera que o terço norte da Faixa de Gaza, onde se encontra a cidade de Gaza, é uma zona de combate que abriga o centro de infraestrutura do Hamas. Ele ordenou que a população deixasse essa área e proíbe o retorno.

A trégua também deverá permitir a entrada de mais ajuda humanitária em Gaza. Na sexta-feira, 200 comboios de caminhões carregados com ajuda humanitária entraram, segundo o serviço do Ministério da Defesa de Israel, responsável pelos assuntos civis nos territórios palestinos.

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