Hamas registra ao menos 19 mortos em bombardeio israelense em zona humanitária de Gaza
Ataque ocorreu no campo de Al Mawasi em Khan Yunis, a maior cidade do sul da Faixa de Gaza
O ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas, afirmou que pelo menos 19 pessoas morreram nesta terça-feira (10) em um bombardeio israelense contra uma área designada como humanitária pelo próprio exército israelense, que alegou ter atacado um "centro de comando" do movimento islamista palestino.
O ataque ocorreu no campo de Al Mawasi em Khan Yunis, a maior cidade do sul da Faixa de Gaza. Trata-se de uma área da costa mediterrânea designada como zona segura por Israel no início da guerra contra o Hamas há mais de 11 meses.
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A agência de Defesa Civil do território palestino havia dado um primeiro balanço de 40 mortos. No entanto, o ministério da Saúde detalhou posteriormente que "dezenove mártires" haviam sido levados aos hospitais e "mais de 60 pessoas" haviam ficado feridas, "algumas em estado grave".
"Se disseram 19, são 19 mártires", declarou o porta-voz da Defesa Civil, Mahmud Basal.
O exército israelense havia questionado o primeiro número de mortos. O ataque, afirmou, matou vários líderes militares do Hamas, incluindo três que considera "diretamente envolvidos na execução do massacre de 7 de outubro".
A guerra entre Israel e Hamas começou nessa data, quando militantes islamistas mataram 1.205 pessoas no sul de Israel, em sua maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Também sequestraram 251 pessoas, das quais 103 continuam retidas em Gaza, incluindo 33 que os militares israelenses consideram estarem mortas.
Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e lançou uma ofensiva que já deixou 41.020 mortos em Gaza, de acordo com o ministério da Saúde do território, que tinha 2,4 milhões de habitantes antes do conflito. A ONU indica que a maioria das vítimas é de mulheres e crianças.
"Famílias inteiras desapareceram"
Basal, o porta-voz da Defesa Civil, afirmou que as pessoas refugiadas em Al Mawasi não foram alertadas sobre o ataque noturno e que a falta de equipamento dificultou as operações de resgate.
"Famílias inteiras desapareceram sob a areia no massacre de Al Mawasi em Khan Yunis", lamentou o porta-voz, acrescentando que o bombardeio deixou "três crateras profundas" no campo.
"Disseram-nos para irmos a Al Mawasi, então (...) nos instalamos aqui. A área foi bombardeada sem aviso prévio", contou à AFPTV um palestino deslocado, que preferiu não revelar seu nome. "Só há tendas de campanha ao nosso redor, abrigos, não há nada aqui. Vimos os mísseis caindo sobre nós", disse.
O exército israelense indicou em um comunicado que suas forças aéreas "atacaram terroristas do Hamas que operavam um centro de comando e controle localizado dentro da zona humanitária de Khan Yunis".
O Hamas, considerado um movimento "terrorista" pelos Estados Unidos, Israel e União Europeia, qualificou como "mentira descarada" a alegação de que seus combatentes estivessem presentes em Al Mawasi.
Israel tem acusado repetidamente o Hamas de usar civis como escudos humanos, mas o grupo islamista nega.
O fato de o exército israelense ter designado Al Mawasi como zona humanitária não impediu que realizasse operações na área.
Em julho, Israel reivindicou ter matado o líder militar do Hamas, Mohamed Deif, em um bombardeio que, segundo as autoridades de Gaza, deixou mais de 90 mortos.
"Uma guerra de guerrilhas"
O ataque desta terça-feira foi condenado "energicamente" pelo coordenador especial da ONU para o processo de paz no Oriente Médio, Tor Wennesland, e pelo Reino Unido, Turquia, Egito e Arábia Saudita.
Estados Unidos, Catar e Egito estão há meses mediando entre as partes para obter um acordo de trégua em Gaza e a troca de prisioneiros palestinos por reféns israelenses, mas o diálogo está estagnado.
O Hamas exige a retirada completa das tropas israelenses de Gaza, mas Israel insiste em mantê-las em um corredor na fronteira entre esse território palestino e o Egito.
Para o ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, uma trégua seria uma "oportunidade estratégica" que daria ao seu país a "chance de mudar a situação de segurança em todas as frentes".
O Hamas "já não existe como uma formação militar" e agora só realiza "uma guerra de guerrilhas" em Gaza, disse em uma entrevista divulgada nesta terça.
O conflito em Gaza também intensificou a violência na Cisjordânia ocupada, onde as forças israelenses lançaram uma operação em grande escala em 28 de agosto.
O exército israelense afirmou nesta terça que é "muito provável" que suas forças tenham matado "involuntariamente" uma ativista turco-americana durante um protesto na região na semana passada.
A morte de Aysenur Ezgi Eygi, de 26 anos, "é injustificável", reagiu o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken.