Hamas responde à proposta de novo cessar-fogo, mas Israel chama condições de ''inaceitáveis''
Esboço foi desenvolvido durante reunião em Paris nas últimas semanas; Catar afirmou estar ''otimista'' e disse que as negociações seguirão
O movimento islâmico palestino Hamas afirmou, nesta terça-feira (6), ter entregue sua resposta sobre a proposta de uma nova trégua temporária com Israel e a libertação dos reféns ainda remanescentes em Gaza — o que foi confirmado pelo Catar. A resposta seria "positiva" e foi enviada a Israel, que está analisando os detalhes. Contudo, autoridades do país, citadas pelo jornal Haaretz, afirmam que na verdade o retorno é negativo, já que as condições impostas pelo grupo são inaceitáveis para o Estado judeu.
“Há pouco tempo, o movimento Hamas entregou a sua resposta ao esboço do acordo aos irmãos no Catar e no Egito”, afirmou o grupo em um comunicado. O movimento afirmou que lidou com a proposta "positivamente", mas reforçou exigências anteriores, como um cessar-fogo permanente e a libertação dos prisioneiros palestinos, o que já foi rebatido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
O Hamas não disse objetivamente qual era a resposta, embora sua televisão, al-Aqsa, tenha relatado a oferta para alterações na proposta relacionadas com as questões do cessar-fogo, da reconstrução, da suspensão do bloqueio, do deslocamento dos feridos, do regresso das pessoas deslocadas para suas casas.
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Segundo o gabinete de Netanyahu, a resposta foi entregue por Doha ao Mossad, afirmando que os detalhes "estão sendo minuciosamente avaliados pelos responsáveis envolvidos nas negociações".
Apesar disso, um alto funcionário de Israel afirmou que, na verdade, a resposta do grupo palestino é negativa, já que as condições apresentadas não são aceitáveis para o país, de acordo com o Haaretz. Outra fonte teria dito que "ambos os lados deixaram claro que atualmente é impossível superar a principal disputa que impede o acordo – a exigência de acabar com a guerra".
Catar ''otimista''
O primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al-Thani, confirmou o recebimento do retorno do grupo. O xeque afirmou que o Hamas fez alguns comentários, mas que no geral a resposta era "positiva". Ainda segundo o premier, ele estava "otimista". Não foram dados detalhes devido às "delicadas circunstâncias", e as negociações continuarão.
A declaração foi feita ao lado do secretário de Estado americano, que está em sua quinta viagem ao Oriente Médio desde o início do conflito entre Israel e Hamas. Blinken pontuou que "ainda há muito trabalho a fazer".
— Mas continuamos pensando que um acordo é possível, e inclusive essencial, e vamos continuar trabalhando sem descanso para alcançá-lo. — garantiu.
O Hamas ponderou durante mais de uma semana sobre a proposta elaborada na sua ausência durante as conversações em Paris, que reuniu autoridades cataris, egípcias, isralenses e americanas. Segundo o xeque, citado pela rede de notícias catari al-Jazeera, a demora também poderia ser explicada pelo conflito travado em Gaza, que acaba afetando as comunicações.
O Hamas e outros grupos terroristas aliados, como a Jihad Islâmica, sequestraram 250 pessoas durante o ataque de 7 de outubro do ano passado, segundo o balanço de autoridades de Israel. Desse total, estima-se que 132 ainda estejam em cativeiros do movimento palestino que governa a Faixa de Gaza e de outros extremistas.
Em novembro, no último acordo entre as partes, mediado pelos EUA, Egito e Catar, 110 cativos foram libertados em troca de 240 palestinos detidos em prisões israelenses.
Apesar de não ter entrado muito em detalhes, al-Thani confirmou nos últimos dias que a trégua seria escalonada. Um acordo discutido em Paris aborda uma possível primeira trégua de 30 dias que permitiria a libertação de mulheres e dos reféns mais idosos e feridos, informou o New York Times.
Durante o período, as duas partes negociariam uma segunda fase, que também teria duração de 30 dias e permitiria a libertação dos homens e dos soldados. Ainda de acordo com o jornal, o acordo também incluiria a libertação de palestinos detidos em penitenciárias de Israel. (Com AFP e New York Times)