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Guerra no oriente médio

Hezbollah escolherá novo líder 'o mais rápido possível' após a morte de Hassan Nasrallah, diz vice

Naim Qassem, um dos cotados, afirma que escolha ocorrerá 'de acordo com mecanismo adotado pelo partido'

Vice-chefe Naim QassemVice-chefe Naim Qassem - Foto: Al-Manar/AFP

O movimento xiita libanês Hezbollah está "preparado" caso Israel inicie uma ofensiva terrestre no Líbano e escolherá "o mais rápido possível" o sucessor de Hassan Nasrallah, líder do movimento que foi morto em um ataque israelense contra o sul de Beirute na última sexta-feira, afirmou o vice-líder do grupo, Naim Qassem, nesta segunda-feira (30), em seu primeiro pronunciamento desde a morte de Nasrallah. O Conselho de Shura, a mais alta instância do partido, deverá eleger em breve o novo líder.

— Nós escolheremos um secretário-geral para o partido o mais rápido possível e de acordo com o mecanismo previamente adotado pelo partido. E nós preencheremos as posições de liderança. Fiquem tranquilos que as opções serão fáceis — afirmou Qassem, que está como líder interino.

Nasrallah, que morreu aos 64 anos, liderou o Hezbollah por cerca de 30 anos e gozava de um status quase mítico em sua base muçulmana xiita. Sua morte foi um duro golpe para o grupo, com risco potencial de desestabilização de todo Líbano (e talvez do Oriente Médio). Para o ex-chefe do escritório do New York Times em Beirute e atual correspondente em Istambul, Ben Hubbard, o grupo perdeu um líder experiente.

Assim que sua morte foi confirmada pelo grupo, alguns nomes começaram a circular como potenciais sucessores: Hashem Safieddine, primo de Nasrallah e que mantém laços estreitos com o Irã, Nabil Qaouk, cuja confirmação da morte naturalmente o retirou das opções, e o próprio Qassem.

O nome de Safieddine (também chamado de Hasehm Safi al-Din) foi levantado ainda no sábado por três oficiais da Defesa israelense ao jornal The New York Times e uma fonte próxima do grupo à AFP, com boa parte da imprensa, observadores e fontes apontando para a figura de destaque dentro do grupo como sucessor em potencial. No domingo, a mídia israelense confirmou a escolha de Safieddine como sucessor, o que foi negado pelo grupo.

— Há vários anos, circulam rumores de que Hashem Safieddine é o candidato mais provável para suceder [Hassan Nasrallah] — disse Amal Saad, especialista em Hezbollah e professora da Universidade de Cardiff.

Segundo as fontes israelenses que falaram ao Times, Safieddine é um dos poucos líderes seniores restantes do Hezbollah que não estava presente no local do ataque de sexta-feira. Até o momento, porém, o combatente não foi ouvido publicamente desde sexta-feira.

Qaouk, até então apontado como um dos cotados como possível substituto, teve a morte reconhecida pelo Hezbollah no domingo, sem mais detalhes, em um ataque de Israel no sul de Beirute. O combatente foi apontado pelas forças israelenses como comandante da unidade de segurança interna e membro do conselho executivo da organização político-militar.

Qassem, por sua vez, é secretário-geral adjunto e, segundo a rede catari al-Jazeera é frequentemente chamado de "número dois" do movimento. Porém, de acordo com o jornal americano Wall Street Journal, o vice-líder não é visto como tendo credenciais religiosas e políticas, incluindo laços com o Irã, para ser um candidato viável. Saiba mais sobre os possíveis novos comandantes do grupo:

Hashem Safieddine
Hashem Safieddine é chefe do conselho executivo e, no cargo, tem a missão de supervisionar os assuntos políticos do Hezbollah, informou a Reuters. Ele também integra o Conselho da Jihad (sendo chefe do Conselho Executivo), o principal órgão militar da organização libanesa, e é membro do Conselho da Shura e, assim como Nasrallah, usa turbante preto, o que denota a descendência do profeta Maomé no islamismo.

Segundo a professora Saad, entre as condições necessárias para liderar o partido, estão "ser membro do Conselho Shura" e "ser uma personalidade religiosa". Safieddine, explicou, tem "muita autoridade, o que o torna o candidato mais forte".

Ele nasceu em 1964 na vila sul de Deir Qanoun en-Nahr, no sul do Líbano, e, segundo o jornal britânico The Guardian, acredita-se que ele tenha passado muitos anos em Qom, a cidade religiosa iraniana. A al-Jazeera afirma que ele estudou teologia junto com Nasrallah nos dois principais centros de aprendizado religioso xiita, a cidade iraquiana de Najaf e Qom.

Ele é considerado terrorista desde 2017 pelos EUA e Arábia Saudita no que foi a primeira "designação terrorista conjunta" entre os dois países. Na época, uma agência saudita afirmou que o combatente aconselhou sua organização sobre a realização de atos terroristas e o fornecimento de apoio ao regime do presidente sírio Bashar Assad.

Ao contrário de Nasrallah, que raramente é visto em público desde a guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah, Safieddine é o rosto visível da formação em vários eventos políticos e religiosos. Embora tenha um temperamento calmo, ele endureceu o tom de sua retórica durante os funerais dos comandantes mortos por Israel. Em junho deste ano, durante o funeral de Taleb Abdallah, outro comandante do Hezbollah morto em um ataque israelense, prometeu que o grupo "aumentaria a intensidade, a força, a quantidade e a qualidade de nossos ataques".

O combatente tem uma semelhança física impressionante com o falecido líder do Hezbollah, mas é vários anos mais jovem. Mantém laços estreitos com o Irã, onde fez seus estudos religiosos. Seu filho Redha é casado com Zeinab, filha do poderoso general iraniano Qasem Soleimani, morto em 2020 em um bombardeio dos EUA no Iraque. Soleimani era o chefe da Força Quds da Guarda Revolucionária, que é responsável pelas operações no exterior.

Naim Qassem
Naim Qassem, de 71 anos, é um dos principais ideólogos do Hezbollah e um dos fundadores do movimento xiita libanês. Segundo o "Eyes on Hezbollah", um projeto da ONG política United Against Nuclear Iran, com sede nos EUA, Qassem fazia parte da rede de acadêmicos radicais, incluindo Nasrallah, que fundou o movimento. Foi eleito secretário-geral adjunto do grupo em 1991. Também é membro do Conselho Shura do Hezbollah e está encarregado de supervisionar suas atividades parlamentares e governamentais.

Qassem nasceu na vila de Kfar Kila, na província de Nabatieh, no sul do Líbano. Começou seu envolvimento na política na década de 1970, mesma época em que concluiu seus estudos para Bacharelado de Ciências em Química pela Universidade Libanesa. Paralelamente à vida de universitário, prosseguia seus estudos superiores de religião e teologia com o aiatolá Mohammad Hussein Fadlallah.

Ainda segundo o projeto, suas atividades militares nos primeiros dias do movimento xiita são desconhecidas, mas Qassem teve papel fundamental de supervisão às Escolas al-Mustafa, uma das redes educacionais do movimento. É fluente em francês, casado e tem seis filhos. (Com AFP e NYT)

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