INFECÇÃO

HIV: 68% das gestantes diagnosticadas são negras, aponta ministério

O número de mulheres negras grávidas que morrem por HIV cresce, ano a ano, desde 2011

Testagem para HIVTestagem para HIV - Foto: IKAMAHÃ / SECRETARIA DE SAÚDE DO RECIFE

Em 2021, 67,7% das mulheres diagnosticadas com HIV na gestação eram negras, aponta novo boletim do Ministério da Saúde. Segundo os dados compilados pela pasta, gestantes pretas e pardas também são as que mais morrem por hipertensão no país.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mulheres negras representam 28% da população brasileira. Dos 203 milhões de brasileiros, 54% são formados por negros e negras.

O número de mulheres negras grávidas que morrem por HIV cresce, ano a ano, desde 2011, quando a parcela representava 62,4% dos óbitos. Nos casos de morte por hipertensão em grávidas, entre 2010 e 2020, o crescimento foi de 5% em mulheres pretas. Paralelamente, houve queda entre grávidas indígenas, brancas e pardas.

Nesta segunda-feira (23), os ministérios da Saúde e Igualdade Racial lançaram duas edições do Boletim Epidemiológico da Saúde da População Negra, que compilam dados dos sistemas de vigilância da saúde cruzados com a autodeclaração racial dos pacientes.

É o primeiro levantamento do governo federal dedicado à saúde da população negra desde 2015. Ainda conforme o documento, mais de 60% dos diagnósticos por sífilis gestacional ocorrem em mulheres negras. Para a ministra da Saúde, Nísia Trindade, os números reforçam a “persistência do racismo” no país.

Segundo Trindade, os índices revelam a dificuldade da população negra em acessar aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). A ministra também afirmou existir uma disparidade no atendimento conforme a raça do paciente:

— Há muitas pesquisas que mostram [diferença de tratamento]. Por exemplo, passa pelo número de toques que a pessoa é examinada, o tempo de atendimento.

Aids
O boletim indica que, em 2021, a proporção de pessoas negras com menos de 14 anos notificadas com aids ultrapassa 70% (com 6,3% de pretos e 64,9% de pardos). O documento também aponta aumento de 12% na proporção de pessoas pretas e pardas testadas com HIV ou Aids entre 2011 (50,3%) e 2021 (62,3%).

No caso das mortes por Aids, a população negra também é a maior afetada, com números que aumentam a cada ano. O índice passou de 52,6% em 2011 até chegar a 60,5% em 2021. Isso representa quase dois terços do total de óbitos em relação a pessoas brancas.

Além disso, entre 2010 e 2022, mais de 60% dos diagnósticos por tuberculose aconteceram em pacientes pretos. No período, em média, 73 mil casos foram registrados por ano.

Secretária de Vigilância em Saúde, Ethel Maciel disse que o documento irá orientar gestores na formulação de novas políticas públicas de promoção da saúde para pessoas negras:

— Esse é o primeiro passo para a gente construir nossa linha de base. Algumas políticas já estão em andamento. Outras ainda estão sendo trabalhadas.

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