Hoje é dia do FREVO e enquanto isso no País Pernambuco…
Se Pernambuco é nosso País, o Frevo é o nosso hino. Com certeza, você já ouviu algum pernambucano falar com carinho sobre o ritmo que é marca registrada do nosso Carnaval. Não queremos ser bairristas, mas temos motivos para nos orgulhar. Hoje é dia do Frevo e há 10 anos ele recebia da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. No plano nacional, em 2007, o Frevo foi reconhecido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como Patrimônio Cultural Imaterial. Todas essas merecidas honrarias referendam a paixão do pernambucano por essa expressão artística que envolve letra, música, coreografia e poesia.
Os historiadores apontam que o Frevo surgiu no final do século XIX, época de grandes transformações sociais no Brasil com os escravos recém-libertos e trabalhadores buscando espaço na cidade, fazendo arte e cultura nas ruas. Assim, o Frevo nasceu das camadas populares e carrega consigo a história de Pernambuco.
O nosso hino é singular, mas se fantasia de Frevo de Rua (mais acelerado e tocado pelas orquestras), Frevo de Bloco (poético com orquestra de pau e corda) e Frevo Canção (com letras e marchinhas). Como garoto moderno, o Frevo tem se misturado com outros ritmos que as classificações musicais mais didáticas não conseguem ainda explicar.
Com tanta diversidade, uma pergunta que muitos fazem, e eu também, é: por que só toca frevo no Carnaval? Divulgar o nosso hino o ano todo deveria ser algo natural, pois estamos falando do reconhecimento do patrimônio cultural de todo pernambucano. E mais ainda, estamos salvaguardando a memória dessa expressão artística única que envolve diversos atores em sua cadeia produtiva: artistas, técnicos, produtores, músicos, compositores e fazedores da nossa cultura.
Desde 2013, está em vigor no Recife a Lei nº 17.861, de autoria do então Vereador, hoje Deputado Estadual, Marco Aurélio, que institui o "Momento do Frevo" nas rádios da Capital. Pela norma, as emissoras devem executar diariamente pelo menos duas músicas do ritmo durante a programação, nos horários das 8h às 12h e das 14h às 18h. Apesar do esforço legislativo, apenas a Rádio Folha, a Rádio Frei Caneca e a Rádio Universitária cumprem a determinação legal.
Deixamos aqui os nossos cumprimentos às emissoras citadas e seus respectivos gestores por entenderem que, independente de uma lei que as obrigue, o Frevo é nosso patrimônio, por isso deve ser valorizado o ano inteiro. Além disso, nossos artistas merecem espaço na programação local para divulgar sua obra.
Na Câmara Municipal do Recife, a Comissão Especial sobre a Retomada do Carnaval, São João e demais Grandes Eventos, colegiado do qual sou Presidente, vai continuar trabalhando e propondo alternativas para valorizar os artistas da nossa terra. Nosso compromisso é criar uma frente ampla em defesa da nossa Cultura. E se a origem do Frevo foi na resistência popular, é nessa força que vamos nos inspirar para continuar firmes e comprometidos em salvaguardar nosso Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade não apenas no período carnavalesco, mas no ano inteiro.
*Vereador e Presidente Comissão Especial sobre a Retomada do Carnaval, São João e demais Grandes Eventos da Câmara Municipal do Recife
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