Homem desenvolve infecção grave com risco de vida após comer porco selvagem
Três anos depois, o paciente, cujo nome não foi revelado, ainda sentia sintomas incômodos da infecção bacteriana

Um homem na faixa dos 70 anos, cujo nome não foi revelado, contraiu uma infecção extremamente rara e com risco de vida em seu desfibrilador implantado após comer um porco selvagem em 2017.
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Segundo o paciente, antes de cozinhar e consumir o alimento, que ganhou de presente de um caçador local, ele manuseou a carne crua com as mãos.
Especialistas suspeitam que foi nesse momento que ele foi exposto, sem saber, a uma bactéria chamada Brucella suis.

Entretanto, os primeiros sintomas só foram sentidos anos depois — ele começou com febre, dores intermitentes, excesso de líquido e endurecimento da pele no lado esquerdo do peito.
O estudo do caso foi publicado em Emerging Infectious Diseases e liderado pelo especialista em doenças infecciosas Jose Rodriguez, da Universidade da Flórida.
Quando os médicos o diagnosticaram com a doença, a infecção bacteriana insidiosa já havia penetrado no desfibrilador do homem, atravessando a parede torácica, a veia subclávia esquerda e o tecido muscular do ventrículo esquerdo.
Infecções de B. suis e seus parentes próximos são difíceis de tratar porque podem se esconder dentro de células imunes por anos, causando apenas sintomas leves e febris que aparecem e desaparecem aleatoriamente.
Desfibriladores são um lugar perfeito para a bactéria se esconder, visto que antibióticos são difíceis de administrar a esses implantes por causa de seu suprimento limitado de sangue, o que significa que, se infectado, retirar o dispositivo inteiro é frequentemente a única maneira de garantir o tratamento adequado.
Os cientistas afirmam que uma infecção por Brucella em um desfibrilador é extremamente rara.
Em uma revisão de 30 anos de 5.287 pacientes com um desfibrilador, apenas um paciente teve uma infecção por Brucella que exigiu a remoção completa do dispositivo e do eletrodo com terapia antibiótica.
Em 2020, anos depois do manuseio e consumo da carne, o homem voltou a sentir os sintomas desconfortáveis no lado esquerdo do peito.
Os médicos não encontraram nenhum sinal externo de bactérias nas válvulas ou nos fios do desfibrilador, mas decidiram retirar o aparelho implantado para analisá-lo.
Análises laboratoriais mais tarde confirmaram que o dispositivo estava contaminado por B. suis.
"Atrasos substanciais entre a exposição à Brucella e os sintomas clínicos foram relatados anteriormente em pacientes com infecções por dispositivos eletrônicos cardíacos implantáveis", escrevem os autores do estudo de caso.
Após seis semanas tomando dois antibióticos, a infecção do homem foi curada.
O paciente recebeu um novo desfibrilador quatro meses após o antigo ter sido removido.
Três anos depois do retorno dos sintomas, o sangue do paciente não mostra nenhuma evidência clínica da bactéria.
Nos EUA, os porcos selvagens são os principais portadores de B. suis, já que o gado é frequentemente vacinado contra essas infecções.