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França

Homem é condenado à prisão perpétua na França por queimar e matar sua mulher

Um mês e meio antes do crime, vítima registrou queixa, mas policial, que havia acabado de ser condenado por violência doméstica, registrou caso incorretamente

Manifestantes estiveram no local do julgamento Manifestantes estiveram no local do julgamento  - Foto: Christophe Archambault/AFP

Um tribunal condenou um homem à prisão perpétua nesta sexta-feira pelo assassinato de sua mulher, em quem ele atirou nas duas pernas antes de queimá-la viva perto de Bordeaux, no sudoeste da França, em maio de 2021.

Este caso, que a promotora Cécile Kauffman descreveu durante o julgamento em Bordeaux como um "ataque homicida com intenção de exterminar", chocou a França e se tornou um símbolo de violência de gênero.

Em 4 de maio de 2021, Mounir Boutaa, um pedreiro franco-argelino de 48 anos, atirou nas pernas de sua esposa Chahinez Daoud com uma espingarda, depois a encharcou com gasolina e a incendiou.

Escondido desde o amanhecer em uma van adaptada para permitir vigilância sem ser visto, o homem espionou a mulher de 31 anos, com quem se casou em 2015, durante todo o dia antes de matá-la.

Durante o julgamento, Boutaa alegou que queria assustá-la até a morte, mas sem matá-la, acreditando infundadamente que ela era infiel. "

Não fui eu, não foi meu corpo, não foi minha mente", acrescentou ele sobre o assassinato.

Pressionado por uma de suas advogadas, Elena Badescu, o homem disse nesta quinta-feira que lamentava o ocorrido.

"Eu a amava", acrescentou o condenado, que os médicos descreveram como "paranoico". "Matar porque queremos é uma aberração", enfatizou o promotor, observando que a vítima estava "muito viva quando esse homem a incendiou". "85% do corpo dela foi queimado", acrescentou.

Por esses atos, o tribunal o condenou à prisão perpétua e impôs um período de 22 anos de inelegibilidade para benefícios prisionais, considerando sua "periculosidade".

A vítima tinha três filhos, incluindo dois de um relacionamento anterior, e "vivia com medo", disseram seus amigos.

O marido monitorava seu celular e seu Facebook, e até tentou impedi-la de trabalhar.

Um mês e meio antes de sua morte, a mulher registrou uma queixa contra o homem com quem queria terminar o relacionamento, mas um policial, que havia acabado de ser condenado por violência doméstica, registrou o caso incorretamente.

Chahinez Daoud "não queria ser prisioneira, ser um brinquedo, foi por isso que a mataram", disse seu pai.

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