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FRANÇA

Homens não identificados escaparam da Justiça no caso de Gisèle Pelicot na França

Os investigadores identificaram cerca de 200 estupros de Gisèle Pelicot com base em vídeos e fotos tiradas por seu agora ex-marido

Gisèle Pelicot decidiu expor os crimes a que foi submetida ao públicoGisèle Pelicot decidiu expor os crimes a que foi submetida ao público - Foto: Christophe Simon/ AFP

Um total de 51 homens foram condenados em dezembro na França por estuprarem Gisèle Pelicot, que foi dopada pelo marido durante uma década. Mas quantos mais escaparam da Justiça?

Homens escondidos sob pseudônimos, como "Laurent du Vaucluse" ou "Luc Pizza", entraram em contato com o marido da vítima, Dominique Pelicot, através do site coco.fr.

Entre julho de 2011 e outubro de 2020, este homem, agora com 72 anos, drogou sua então esposa Gisèle com ansiolíticos, para adormecê-la e estuprá-la com estranhos contatados online.

Dominique Pelicot fotografou e filmou todos os estupros, armazenando meticulosamente as imagens em seu computador e discos rígidos.

Os investigadores identificaram cerca de 200 estupros de Gisèle Pelicot com base em vídeos e fotos tiradas por seu agora ex-marido, dos quais cerca de 100 foram cometidos pelo próprio Dominique Pelicot.

Nas demais imagens foram identificados 72 autores, dos quais 51 foram julgados e condenados pelo tribunal do departamento de Vaucluse, em Avignon, sul da França. Destes, 17 recorreram da sentença e serão julgados novamente entre setembro e dezembro deste ano.

Difícil reconhecimento facial
Muitos escaparam da Justiça. Dois morreram durante o processo e outros não foram identificados.

"Há pessoas que apareciam muito desfocadas e não conseguimos capturar uma foto", explicou o juiz encarregado da investigação perante o tribunal em 8 de novembro, no julgamento de quase quatro meses e ampla cobertura midiática nacional e internacional.

Outros, com nítidas imagens dos seus rostos, não puderam ser identificados porque não apareciam em nenhum registro policial. Nem os programas de reconhecimento facial e pesquisas nas redes sociais conseguiram associá-los a um nome.

"Em consulta à Polícia Judiciária, decidimos parar a investigação em um determinado momento. Poderíamos ter investigado durante dez anos", disse o juiz.

Caso emblemático
Este julgamento se tornou um símbolo da violência sexual e trouxe à luz a questão da submissão química e das agressões a vítimas inconscientes.

A polícia também encontrou 11 homens contatados por Dominique Pelicot através do Skype, que "claramente fizeram o mesmo com suas parceiras", confirmou à AFP o delegado Jérémie Bosse Platière, que conduziu a operação.

"Você é como eu, gosta do modo estupro", disse Dominique Pelicot a JF LUNA, ao comentar fotos de sua esposa nua e adormecida.

Pelicot planejou estuprar várias mulheres inconscientes, segundo conversas nas quais mencionava "uma cabeleireira de Lyon de 37 anos". Ele garantiu que esses planos nunca se concretizaram.

Alguns destes homens foram presos e serão julgados em outras jurisdições.

"Este é um dos aspectos mais dolorosos para mim, saber que outras mulheres podem continuar sujeitas a estes tipos de atos", disse o delegado Bosse Platiere durante o julgamento, em 4 de outubro.

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