Homicídios na área em que médicos foram executados aumentaram 150% este ano
Região, patrulhada pelo 31º BPM, teve 60 mortes entre janeiro e agosto deste ano, contra 24 no mesmo período do ano passado
A área do 31º BPM (Recreio dos Bandeirantes), que abrange a orla da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, onde três médicos foram executados a tiros na madrugada desta quinta-feira (5), teve um aumento de 150% nos homicídios entre janeiro e agosto deste ano, na comparação com o mesmo período de 2022. De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), foram 60 mortes nos primeiros oito meses de 2023, contra 24 no mesmo período do ano passado.
As mortes em confronto com a polícia também tiveram um aumento na Aisp (Área Integrada de Segurança Pública) 31 este ano, na comparação com 2022. Foram 11 mortos de janeiro a agosto. O número iguala o mesmo período dos oito anos anteriores, somados.
A elevação do número de assassinatos na área do 31º BPM— que abrange, além da Barra e do Recreio, os bairros de Barra de Guaratiba, Joá, Itanhangá, Vargem Grande, Vargem Pequena, Camorim e Grumari — seria reflexo de uma guerra entre traficantes de uma facção criminosa, bandidos rivais e milicianos. Todos estariam envolvidos na disputa de territórios localizados na região.
Um dos mortos na Barra da Tijuca, no período citado acima na estatística, foi o miliciano Leandro Siqueira de Assis, o Gargalhone. Na noite do dia 2 de maio, o corpo dele foi encontrado num carro abandonado no Mercado do Peixe, na Barra. Ele era apontado pela polícia como ex-chefe de uma milícia que atuava no Recreio dos Bandeirantes e também na Gardênia Azul, esta última já em Jacarepaguá.
Leia também
• Amigos, estudiosos e profissionais respeitados: saiba mais sobre os médicos executados no Rio
• Ação que terminou com a execução de médicos no Rio teria sido vingança pela morte de um traficante
• Guerra entre tráfico e milícia na Zona Oeste do Rio pode estar por trás de assassinato de médicos
Sete mortes na guerra nas Vargens
Já entre março e o último dia 6 de junho, sete pessoas foram mortas nos bairros de Vargem Pequena e Vargem Grande. A polícia já sabe que de um lado da disputa estão milicianos de dois grupos distintos e traficantes de duas facções criminosas diferentes. Uma das quadrilhas integradas por paramilitares que disputam áreas da Barra, nas Vargens e no Recreio é chefiada por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, que já domina os Bairros de Campo Grande e Santa Cruz.
A polícia também já identificou que o traficante conhecido como Esquilo, ligado ao ex-miliciano Philip Motta Pereira, o Lesk, agora também integrante da maior facção criminosa do Rio, estaria envolvido na guerra principalmente na Vargem Grande e na Vargem Pequena.
Além deles, uma milícia de Curucica, que conta com apoio de traficantes de uma segunda facção criminosa do tráfico, também disputa áreas no Recreio. Os grupos brigam pelo controle de territórios e de negócios ilegais, como loteamento irregular de terrenos e cobranças de taxas de motoristas do transporte alternativo.
Ainda não se sabe o quantitativo exato em dinheiro que é alvo da disputa. No entanto, a milícia tem faturamento mensal estimado pela polícia, só com a cobrança imposta aos motoristas de vans, em valores que variam entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões, em alguns bairros como Santa Cruz e Campo Grande.
No dia 27 de setembro, policiais militares do Batalhão de Operações Especiais fizeram um cerco na área das Vargens e trocaram tiros com suspeitos de integrarem um bando envolvido na disputa pelo domínio de território na região. Na ocasião, seis homens morreram.
Procuradas para comentar o aumento da violência na área da Aisp 31, as polícias Civil e Militar ainda não se pronunciaram sobre o assunto.