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Honduras

Honduras cancelou tratado com EUA para evitar seu uso como "arma política", diz chanceler

Enrique Reina afirmou que a inteligência militar detectou após as declarações da embaixadora que um grupo de oficiais estava "conspirando" para dar "um golpe de quartel"

O ministro das Relações Exteriores de Honduras, Eduardo Enrique Reina, discursa durante uma entrevista coletiva em TegucigalpaO ministro das Relações Exteriores de Honduras, Eduardo Enrique Reina, discursa durante uma entrevista coletiva em Tegucigalpa - Foto: Orlando Sierra/AFP

O chanceler de Honduras, Enrique Reina, afirmou, nesta quinta-feira (29), que o tratado de extradição com os Estados Unidos, que permitiu prender poderosos narcotraficantes, foi cancelado por seu país para evitar que seja usado como "arma política".

A presidente hondurenha, a esquerdista Xiomara Castro, surpreendeu na quarta-feira ao anunciar a denúncia do tratado, depois de acusar de "ingerência" a embaixadora em Tegucigalpa, Laura Dogu, em sua política em relação à Venezuela.

"Aqui pode estar neste momento sendo gestada uma tentativa de golpe de Estado" e o tratado de extradição "pode ser como [...] uma arma política nesse embate" contra o governo de Castro, disse Reina em um programa do Canal 5 de televisão.

Ele afirmou que a inteligência militar detectou após as declarações da embaixadora que um grupo de oficiais estava "conspirando" para dar "um golpe de quartel".

"Essas acusações que a embaixadora faz de praticamente ligar o ministro da Defesa [José Manuel Zelaya] e o chefe do Estado-Maior Conjunto [das Forças Armadas, general Roosevelt Hernández] com o narcotráfico, pode ser o passo de acusá-los para poder extraditá-los", acrescentou o chanceler.

A embaixadora havia criticado uma reunião de Zelaya, que é sobrinho da mandatária, e Hernández com o ministro da Defesa da Venezuela, general Vladimir Padrino López, sancionado pelos Estados Unidos, que o acusam de tráfico de drogas.

"Foi surpreendente para mim ver o ministro da Defesa e o chefe do Estado-Maior Conjunto sentado ao lado de um traficante de drogas na Venezuela", disse Dogu à jornalistas em Tegucigalpa.

Reina sentenciou que "a presidente foi clara: não permitirá que se desestabilize as Forças Armadas".

Cinquenta hondurenhos acusados de narcotráfico foram entregues desde 2014 aos Estados Unidos em virtude do tratado, vigente desde 1912.

O tratado foi considerado uma ferramenta-chave para desmantelar o "narco-Estado" que, segundo a Justiça americana, foi criado em Honduras sob o governo anterior do presidente Juan Orlando Hernández (2014-2022).

O próprio ex-presidente de direita foi extraditado em 2022 após deixar o poder e foi condenado em junho em Nova York a 45 anos de prisão.

A decisão de Castro provocou fortes críticas contra o governo por desafiar Washington.

Depois de ser um aliado tradicional dos Estados Unidos, com o governo atual, Honduras se alinhou à Venezuela.

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