Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Os hospitais da Faixa de Gaza vão cessar ou reduzir suas atividades em 48 horas
Os hospitais da Faixa de Gaza vão cessar ou reduzir suas atividades em 48 horas devido à falta de combustível, advertiu nesta sexta-feira (22) o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas e afetado por uma grave crise humanitária.
O Ministério da Saúde de Gaza fez este "alerta urgente", pois todos os hospitais do território sitiado e devastado pela guerra terão suas atividades afetadas "devido à obstrução da entrada de combustível" por Israel.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou-se "profundamente preocupada" com a situação de 80 pacientes, oito deles em cuidados intensivos, e do pessoal do hospital Kamal Adwan, um dos únicos que funcionam parcialmente no norte de Gaza.
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Na véspera, um ataque atingiu este hospital e danificou o gerador e a cisterna, acrescentou o diretor da organização, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O diretor do hospital, Hossam Abu Safiyeh, disse à AFP que o estabelecimento voltou a ser alvo de ataques israelenses nesta sexta.
A Defesa Civil reportou 12 mortos e vários feridos em bombardeios no leste e ao sul da Cidade de Gaza.
Cinco "'terroristas" mortos
"Perdi toda a minha família, 10 pessoas, e sou o único que resta", disse Belal em uma sala do hospital Al Ahli, para onde as vítimas foram levadas.
As autoridades israelenses afirmaram que tinham "eliminado cinco terroristas do Hamas", entre eles dois responsáveis por "assassinatos e sequestros" em 7 de outubro de 2023, em Israel, em um ataque na região de Beit Lahia (norte), na madrugada de quinta.
O bombardeio deixou dezenas de mortos e desaparecidos, segundo fontes médicas do território palestino.
Em outubro, o Exército israelense lançou uma ofensiva no norte de Gaza, que deixou mais de mil mortos, segundo o Ministério da Saúde do território, com o objetivo de impedir o movimento islamista reconstruir suas forças na região.
No dia 7 de outubro de 2023, milicianos islamistas fizeram uma incursão no sul de Israel que resultou na morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251, segundo um balanço da AFP com base em números oficiais israelenses, que incluem os reféns mortos.
Dos sequestrados, 97 seguem em cativeiro em Gaza, mas o Exército israelense estima que 34 deles morreram.
A ofensiva militar israelense em represália matou ao menos 44.056 pessoas no território palestino, em sua maioria também civis, segundo dados do Ministério da Saúde, considerados confiáveis pela ONU.
'Desafiar' a ordem do TPI
Nesta sexta, as reações internacionais se multiplicaram depois que o Tribunal Penal (TPI) emitiu, na véspera, ordens de prisão contra o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, acusados de crimes contra a humanidade e de guerra no conflito em Gaza, uma decisão qualificada pelo premiê como "antissemita".
O presidente americano, Joe Biden, denunciou o que chamou de uma decisão "escandalosa" e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, apoiador incondicional do premiê israelense, disse que convidará Netanyahu à Hungria para "desafiar" a ordem de prisão.
Qualquer um dos 124 Estados-membros da Corte, entre eles a Hungria, estaria teoricamente obrigado a deter os três acusados se entrassem em seu território.
O Irã viu na decisão do TPI "a morte política do regime sionista", ao mesmo tempo em que a China pediu ao tribunal para adotar uma "posição objetiva e justa".
O Hamas, por sua vez, comemorou um "passo importante para a Justiça", mas não mencionou a ordem de prisão que o TPI emitiu simultaneamente contra o chefe do braço armado do movimento.
Segundo Israel, Mohammed Deif, considerado um dos mentores dos ataques de 7 de outubro, teria morrido em um ataque em julho em Gaza, embora o Hamas não tenha confirmado sua morte.
Paralelamente à guerra em Gaza, Israel e o movimento pró-iraniano Hezbollah entraram em guerra aberta no final de setembro no Líbano, quase um ano depois de a milícia xiita ter aberto uma frente contra Israel em apoio ao seu aliado Hamas.
Os esforços para garantir uma trégua no Líbano foram o tema central de uma conversa, nesta sexta, entre Biden e seu par francês, Emmanuel Macron.
No terreno, Israel prosseguiu com seus bombardeios contra os subúrbios do sul de Beirute, um reduto do Hezbollah.
Em Baalbek, outro reduto do movimento xiita no leste do Líbano, o diretor de um hospital e seis de seus colegas morreram em um bombardeio israelense, segundo o Ministério da Saúde.
Também morreram cinco socorristas afiliados ao Hezbollah no sul, onde Israel realiza incursões terrestres desde 30 de setembro, segundo a mesma fonte.
Mais de 3.640 pessoas morreram desde outubro de 2023 no Líbano devido à violência entre Israel e o Hezbollah, a maioria desde a escalada do conflito em setembro, segundo as autoridades daquele país. Do lado israelense, 82 soldados e 47 civis morreram.