Logo Folha de Pernambuco

Notícias

Hungria mantém desafio à UE e bloqueia ajuda financeira para Ucrânia

Em uma entrevista a uma rádio húngara, Orban afirmou que o veto seria retirado apenas em caso de liberação dos fundos da UE

Carros destruídos após ataque russo em KievCarros destruídos após ataque russo em Kiev - Foto: Sergei Chuzavkov / AFP

A Hungria bloqueou nesta sexta-feira (15) um novo pacote de ajuda financeira da União Europeia (UE) à Ucrânia, depois que Bruxelas decidiu iniciar negociações formais para a adesão com Kiev.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, impediu durante a madrugada, em uma reunião de cúpula de líderes europeus, um acordo sobre a ajuda financeira para a Ucrânia em sua guerra contra a Rússia.

A UE havia aprovado um pouco antes a decisão histórica de iniciar negociações de adesão com a Ucrânia, mas fracassou na aprovação do pacote de ajuda de 50 bilhões de euros (55 bilhões de dólares, 270 bilhões de reais).

Em uma entrevista a uma rádio húngara, Orban afirmou que o veto seria retirado apenas em caso de liberação dos fundos da UE destinados a seu país, que foram bloqueados por dúvidas sobre a vigência do Estado de Direito.

"Sempre disse que se alguém quiser apresentar uma emenda ao orçamento da UE (...) a Hungria aproveitaria a ocasião para reivindicar claramente o que merece. Não a metade, não um quarto, e sim a totalidade", declarou o chefe de Governo nacionalista.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, afirmou durante a madrugada que os líderes da UE devem voltar a abordar o tema em janeiro.

"Uma vitória"
A quinta-feira (14) foi marcada pela decisão histórica da UE de iniciar negociações formais com a Ucrânia e Moldávia para a adesão dos dois países ao bloco.

Além disso, a UE concordou em conceder à Geórgia a condição de país aspirante à adesão.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou na rede social X que a decisão é "uma vitória para a Ucrânia. Uma vitória para toda a Europa".

Esta era a decisão mais importante que os dirigentes da UE tinham em mãos na cúpula que começou na quinta, já que a oposição da Hungria para abrir as negociações parecia inflexível.

O processo de adesão à UE normalmente demora vários anos, período de longas negociações e implementação de reformas. Em alguns casos pode durar mais de uma década.

Orban se ausenta da sala
Fontes diplomáticas afirmaram à AFP que Orban aceitou se ausentar temporariamente da sala de reuniões no momento em que os 26 países restantes do bloco aprovaram a moção sobre as negociações com a Ucrânia.

Zelensky conversou com seus colegas europeus por videoconferência e, em seu pronunciamento, os advertiu que rejeitar o diálogo representaria um fracasso para a Ucrânia que a Rússia utilizaria em seu favor.

Por sua vez, a presidente da Moldávia, Maia Sandu, afirmou no X que seu país "virou hoje uma página com o sinal verde da UE para as conversas de adesão".

Esta decisão aconteceu no momento em que se acumulavam as dúvidas sobre a continuidade do apoio dos países ocidentais à Ucrânia em sua guerra contra a invasão russa, que começou em fevereiro de 2022.

O chefe de Governo da Alemanha, Olaf Scholz, se manifestou pelas redes sociais indicando que a decisão constitui "um forte sinal de apoio" à Ucrânia.

Para a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, trata-se de "um dia que permanecerá gravado na história de nossa União".

Já o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que foi uma resposta "lógica, justa e necessária".

Por sua vez, o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, assinalou que é "uma poderosa mensagem geoestratégica também para o resto do mundo, não somente para a Rússia".

Durante a reunião, segundo Varadkar, Orban "apresentou seus argumentos e de maneira muito enfática. Ele está em desacordo com esta decisão [...] mas essencialmente decidiu não utilizar seu poder de veto".

A UE anunciou na quarta-feira, véspera da reunião, o desbloqueio de pagamentos a Hungria de até 10,2 bilhões de euros (11 bilhões de dólares, 54 bilhões de reais) que haviam sido congelados por dúvidas sobre o funcionamento do Estado de direito no país.

Veja também

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos
Ucrânia

Ucrânia pede sistemas de defesa para enfrentar novos mísseis russos

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível
Gaza

Hospitais de Gaza em risco por falta de combustível

Newsletter