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Saúde

Idoso sobrevive 8 dias na mata bebendo urina e comendo cupim; como agir em situações extremas?

Homem de 82 anos foi resgatado após mais de uma semana desaparecido em Goiás

Idoso de 82 anos passa oito dias perdido na mata. Idoso de 82 anos passa oito dias perdido na mata.  - Foto: Reprodução

Depois das quatro crianças que sobreviveram após mais de 40 dias perdidas na Amazônia, a história de um idoso, de 82 anos, que foi resgatado depois de passar oito dias desaparecidos, em Goiás, levanta o questionamento: quanto tempo o indivíduo consegue viver sem água e comida, e como agir em situações extremas?

Em relação às necessidades fisiológicas, não existem estudos científicos que determinem o limite, pois seria antiético submeter pessoas a estas condições. Porém, há pesquisas que envolvem análises de situações de sobrevivência, como as das crianças e do idoso.

Os resultados apontam que, em média, o corpo humano consegue sobreviver sem água de dois a cinco dias – no máximo até uma semana. Já sem comida, o tempo pode até ultrapassar um mês conforme o organismo passa a tirar energia de outras fontes, como dos músculos.

No entanto, esses períodos variam de acordo com a quantidade de gordura que uma pessoa tem e outros fatores, como doenças subjacentes, o sexo da pessoa, a idade e outros contextos que interferem na fisiologia do indivíduo.

Além disso, a privação de água e comida por longos períodos de tempo pode levar a impactos significativos na saúde da pessoa, ainda que ela sobreviva, por isso não é o ideal.

O filho do idoso, por exemplo, contou durante participação ao programa Encontro com Patrícia Poeta, da TV Globo, nesta terça-feira, que o homem se alimentou de cupim e bebeu urina durante a pouco mais de uma semana em que estava na mata. Embora comer insetos seja uma boa fonte de proteína em cenários de sobrevivência, consumir o próprio xixi não é adequado e pode na realidade prejudicar a hidratação.

José Arteiro Ribeiro desapareceu quando estava em uma fazenda com amigos no interior de Goiás, no último dia 10. Ao Metrópoles, sua filha, Kátia, disse que o idoso se perdeu depois de ter saído para "admirar a mata pela manhã, quando começou a caminhar e só percebeu que estava há muito tempo ali quando escureceu".

Mas afinal, como sobreviver a situações extremas?
Em uma reportagem da CNN, o professor de medicina de emergência e de saúde global da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, David Townes, orientou alguns passos para sobreviver em uma situação extrema. O primeiro deles é manter a calma.

— Sua melhor chance de sobrevivência é pensar racionalmente e com calma. Pense: ‘Quais são minhas opções? Quais são as coisas com as quais preciso me preocupar em termos de ameaças? Como está o tempo, está escurecendo? É tarde? Vou tentar sair hoje à noite ou estou aqui à noite e preciso trabalhar nisso pela manhã? E, portanto, preciso descobrir onde vou passar a noite’ — disse o especialista.

Nesse caso, o Serviço Florestal dos EUA tem um protocolo chamado “STOP”, que em português faz referência às ações de parar, pensar, observar e planejar. Ele estabelece que primeiro deve-se parar para refazer o trajeto mentalmente e tentar se lembrar de como chegou lá, se algum ponto de referência foi identificado no caminho, algo que ajude a traçar uma rota de volta para onde estava.

Seguir um riacho em declive ou escalar árvores para observar acima da linha pode ajudar a localizar a civilização mais próxima, orienta Townes. Em seguida, com base nessa avaliação e observação, é a hora de elaborar planos potenciais para realizar esse caminho.

Essa decisão envolve fatores como o estado do indivíduo e a hora do dia. Se está escuro, por exemplo, ou se a pessoa está ferida ou cansada, o serviço instrui permanecer parado durante a noite, e caminhar apenas pela manhã.

Além disso, para se manter vivo, Townes afirma que a hidratação é mais importante do que se manter alimentado. Por isso, deve-se aproveitar todos os momentos que houver acesso a alguma fonte de água, como de rios ou da chuva. Caso não seja possível ferver a água, utilizar um tecido pode ajudar a filtrar algumas impurezas.

Em relação à urina, como fez o idoso em Goiás, na realidade a prática não é indicada em um cenário de sobrevivência. Um manual do Exército americano para situações extremas orienta que sangue, álcool, água do mar e urina são alguns dos líquidos que não devem ser considerados. Isso porque a urina contém diversas substâncias como ureia e sódio. Logo, a composição não conseguirá hidratar o organismo, e pode fazer o oposto.

Já em relação a alimentos, Townes diz que peixes e insetos em sua maioria são comestíveis, e podem ser boas opções de proteína em casos de longos períodos perdido. Por outro lado, ele reforça que cogumelos não devem ser considerados, pois podem ser altamente tóxicos a depender da espécie.

Ele recomenda ainda que a pessoa descanse por ao menos 30 minutos após comer para não sobrecarregar o corpo durante a digestão. Além disso, sempre que estiver cansado, orienta uma pausa também de meia hora, para não chegar à exaustão.

Em relação a animais, o ideal é manter a calma e evitar o contato com eles. Por isso, abrigar-se em uma caverna não é recomendado, já que pode ser a moradia de alguma espécie. Se houver alguma lesão, seja por um confronto com um bicho ou um acidente, e a pessoa não tiver um kit de primeiros socorros, é orientado utilizar água para lavar a ferida e algum pedaço de tecido para protegê-la.

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