Igreja Católica da Espanha contabiliza mais de 500 casos de abuso sexual de menores
O Congresso espanhol aprovou a criação de uma comissão independente para realizar a primeira investigação oficial no país sobre a pedofilia na Igreja
A Igreja Católica espanhola anunciou nesta sexta-feira (11) que registrou mais de 500 casos de abuso sexual de menores ocorridos na instituição e expressou seu desejo de encontrar a "verdade", um dia depois de o Congresso aprovar a criação de uma comissão de investigação.
Os escritórios abertos em 2020 pelas dioceses ou congregações para receber essas denúncias “receberam informações ou denúncias sobre 506 casos”, disse Luis Argüello, secretário-geral da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) à imprensa.
"A grande maioria, 300 dessas reclamações, deve-se a questões que ocorreram há mais de 30 anos", lembrou.
Do total, 103 acusados "já estão mortos", mas isso não impede a investigação das circunstâncias em que ocorreram esses abusos, garantiu.
Altamente criticada pelas associações de vítimas devido à sua opacidade, a Igreja espanhola até agora só reconheceu os 220 casos identificados pela Congregação para a Doutrina da Fé, instituição do Vaticano, que chegou a esse número em abril de 2021 após duas décadas de investigação.
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Outros 14 casos, também ocorridos no passado, segundo Argüello, vieram à tona antes do final de 2021, elevando esse número para 234, que inclui apenas denúncias envolvendo padres. Os 506 casos anunciados nesta sexta-feira também incluem outros membros das congregações religiosas.
Na ausência de dados oficiais, o jornal El País lançou sua própria investigação em 2018, com a qual registrou 611 casos de pedofilia e 1.246 vítimas desde a década de 1930.
Estas declarações do episcopado espanhol ocorrem um dia depois de o Congresso ter aprovado a criação de uma comissão independente de especialistas para realizar a primeira investigação oficial no país sobre a pedofilia na Igreja.
A instituição vai "colaborar" com a comissão, já que são "os mais interessados em conhecer a verdade", segundo Argüello, que lembrou, no entanto, que a Igreja não pretende integrá-la diretamente, embora isso esteja indicado no documento aprovado na quinta-feira por uma grande maioria de deputados.
A colaboração, afirmou, poderá se concentrar no envio das informações obtidas pela auditoria externa anunciada no final de fevereiro pela Igreja à comissão. Esta investigação foi confiada a um escritório de advogados, que garantiu que irá “até ao fim” para obter toda a verdade.