Rio de Janeiro

Imagens mostram mulher transitando com idoso em cadeira de rodas em shopping antes de ir a banco

Caso aconteceu em uma agência de Bangu, na Zona Oeste do Rio. O Samu atestou que o homem de 68 anos estava morto há duas horas

Momento em que a mulher começa a retirar idoso do carroMomento em que a mulher começa a retirar idoso do carro - Foto: Reprodução/Balanço Geral

Novas imagens obtidas pelo Jornal O Globo mostram a cuidadora Érika de Souza Vieira Nunes, de 42 anos, transitando por um shopping em Bangu, na Zona Oeste do Rio, com o idoso Paulo Roberto Braga, de 68 anos, em uma cadeira de rodas no dia em que levou o cadáver da vítima para uma agência bancaria para fazer um empréstimo na mesma região.

As filmagens, que estão sendo analisadas pela polícia, flagram a mulher chegando, por volta de 13h de terça-feira, com o idoso no estabelecendo um carro de aplicativo. Em seguida, ela desembarca com ele em uma garagem no térreo do local e o coloca numa cadeira de rodas. Logo depois, Érika é filmada caminhando com o idoso por diferentes lojas do shopping.

Todo o passeio dela com a vítima teria acontecido antes de o cadáver do idoso ser levado a um banco em Bangu, na Zona Oeste do Rio, pela mulher, para fazer um empréstimo. Um dos funcionários do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que realizou o atendimento na agência bancária, afirmou à polícia que Paulo Roberto estava morto havia pelo menos duas horas.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Imagens de câmeras de segurança de um estacionamento divulgadas pelo Balanço Geral, da TV Record, mostram que a mulher em um estacionamento em um carro cinza, às 13h03 de terça-feira. Um homem segura a cadeira de rodas enquanto ela tenta encontrar um jeito de retirar o idoso de dentro do carro. Ela puxa o corpo do idoso para frente e o segura por trás. A cabeça dele mexe um pouco e, em seguida, ela o coloca na cadeira, com ajuda do homem. As pernas do idoso ficam esticadas, e a mulher ajeita em cima do apoio para os pés. A ação durou 27 segundos.

Depois disso, a mulher pega a bolsa em cima do carro e o homem fecha a porta do carona. Ela segue com ele. A polícia analisa as imagens para saber se ela andou com ele por mais locais até chegar ao banco.

Segundo o depoimento do funcionário do Samu, o período do óbito foi constatado porque o corpo de Paulo Roberto Braga, de 68 anos, já apresentava livores — manchas escuras que correspondem às zonas de falta ou de acumulação de sangue —, que costumam aparecer após esse tempo.

Também em depoimento, uma das funcionárias da agência bancária contou que, num primeiro momento, achou o idoso muito debilitado. Ao se aproximar do local onde ocorria o atendimento, orientou que a assinatura de Paulo Roberto deveria ser igual à da carteira de identidade. No momento em que o idoso deveria assinar, porém, a funcionária afirma que ele não respondia e estava com aspecto pálido e sem apresentar sinais vitais.

Foi quando Érika, de acordo com o relato da funcionária, acordar e colocar uma caneta na mão de Paulo Roberto, levando a mão do idoso até a mesa. A funcionária afirmou que isso tudo aconteceu mesmo com o idoso estando claramente desacordado.

Registro em vídeo
Érika chegou com Paulo Roberto ao banco num carro de aplicativo. A polícia tenta localizar esse motorista. À polícia, a mulher afirmou que era prima do idoso — os investigadores confirmam um grau de parentesco, mas alegam que os registros indicam que ela era prima do homem — e cuidadora dele.

A tentativa de Érika fazer com que Paulo Roberto assinasse a documentação para o saque de R$ 17 mil de um empréstimo foi registrada em vídeo. Nas imagens, é possível perceber que a mulher segura a cabeça de Paulo Roberto e diz: “Assina para não me dar mais dor de cabeça, ter que ir no cartório. Eu não aguento mais”.

Enquanto isso, os funcionários do banco salientam que algo de errado está acontecendo com o idoso. “Eu acho que ele não está legal, não está bem, não", diz uma atendente.

Erika continua: "Tio Paulo precisa assinar. Se o senhor não assinar, não tem como. Eu não posso assinar pelo senhor, o que eu posso fazer, eu faço. Igual ao documento aqui: Paulo Roberto Braga. O senhor segura (a caneta). O senhor segura forte para caramba a cadeira aí. Ele não segurou ali a porta?", diz Érika na imagem gravada pelos funcionários.

O corpo de Paulo Roberto foi levado para o Instituto Médico-Legal (IML), onde passará por exames para constatar a causa da morte. Érika foi autuada por vilipêndio de cadáver e furto mediante fraude.

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