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Internacional

Imigração no centro da cúpula virtual entre Biden e López Obrador

Reunião acontece em um momento em que os EUA enfrentam uma nova onda de imigrantes sem documentos

Requerentes de asilo que esperam cruzar a fronteira de El Chaparral em Tijuana, México.Requerentes de asilo que esperam cruzar a fronteira de El Chaparral em Tijuana, México. - Foto: Guillermo Arias / AFP

O fluxo de migrantes e comércio, legal e ilegal, através da fronteira entre os Estados Unidos e o México será o foco das conversas na cúpula virtual desta segunda-feira (01) entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu homólogo mexicano, Andrés Manuel López Obrador.

O encontro acontece no momento em que os Estados Unidos enfrentam uma nova onda de imigrantes sem documentos que tentam entrar no país vindos de seu vizinho do sul, enquanto Biden, que acaba de assumir o cargo, suspende a construção do muro de fronteira promovido por Donald Trump, ameniza a dura política anti-imigração de seu antecessor.

Na sexta-feira, a porta-voz da Casa Branca Jen Psaki disse que a reunião visa abordar a colaboração em migração, esforços conjuntos de desenvolvimento no empobrecido sul do México e América Central, recuperação da pandemia da covid-19 e cooperação econômica.

Falando em um evento público no sábado, López Obrador disse que a reunião também enfatizará a importância do trabalho migrante para a economia dos Estados Unidos.

Ele também lembrou que, na Segunda Guerra Mundial, os dois países concordaram com o "Programa Bracero", por meio do qual trabalhadores mexicanos se dirigiam legalmente aos Estados Unidos para fazer a colheita na ausência dos americanos, então destacados na guerra.

“Agora é algo parecido, se você não tem mão de obra mexicana, como você garante o aumento da produção nos Estados Unidos? Estamos, portanto, propondo um acordo”, disse.

Os Estados Unidos e o México compartilham uma fronteira de 3.200 km, com quase US$ 1,9 bilhão em comércio diário e um grande número de passagens legais de pessoas.

Mas também há um grande número de passagens de imigrantes ilegais, milhares de requerentes de asilo tentando entrar nos Estados Unidos vindos do México e grandes quantidades de tráfico de drogas.

"Green cards"
De acordo com organizações civis dos EUA, cerca de 70.000 migrantes foram devolvidos ao México entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020. O governo mexicano estima que, destes, cerca de 6.000 permanecem no país.

Trump fechou a porta para trabalhadores legais no México dos quais os dois países dependem: os Estados Unidos para o trabalho agrícola e o México para as remessas.

López Obrador estimou no sábado que a economia dos Estados Unidos precisaria de 600.000 a 800.000 trabalhadores migrantes por ano.

Como parte de seus esforços para reformar as políticas de imigração, o governo Biden propôs que milhões de pessoas que vivem nos Estados Unidos sem documentos legais, principalmente trabalhadores agrícolas de origem mexicana, recebam "green cards" que lhes permitiriam ficar e trabalhar legalmente em solo americano.

Outra questão importante para os dois líderes é a cooperação para combater a pandemia da covid-19, uma questão de segurança nacional para as duas nações, de acordo com a Casa Branca.

O México, o terceiro país do mundo com o maior número de mortes por coronavírus, queixou-se da falta de acesso adequado às vacinas, enquanto os Estados Unidos, o país com mais fatalidades, é um grande produtor de vacinas.

Em 23 de janeiro, três dias após sua chegada à Casa Branca, Biden falou por telefone com a AMLO sobre a migração e a pandemia.

A Casa Branca disse que as mudanças climáticas também estarão na pauta de discussões.

A reunião desta segunda-feira por videoconferência terá lugar após a primeira "cúpula" deste tipo de Biden com o líder do vizinho do norte, o Canadá, Justin Trudeau, realizada na terça-feira passada.

As economias dos três países norte-americanos estão intimamente ligadas por seu acordo de livre comércio em vigor desde 1994, originalmente denominado NAFTA, mas que se tornou o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (T-MEC) depois que Trump forçou uma renegociação alegando que era injusto para os Estados Unidos.

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