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EUA

Imigrante, reservada e 3ª esposa: conheça Melania Trump, esposa de Trump que volta à Casa Branca

Ex-modelo reassume o posto após revelar divergências com o marido em temas como aborto em sua biografia lançada durante a corrida eleitoral de 2024

Melania e o marido, Donald Trump, na posse do republicano como 47º presidente dos EUAMelania e o marido, Donald Trump, na posse do republicano como 47º presidente dos EUA - Foto: Kevin Lamarque/AFP

Quando Melania Trump assumiu como primeira-dama pela primeira vez em 2016, a sua postura enigmática contrastava com o tom sempre explosivo do marido, Donald Trump, de 78 anos, que é empossado nesta segunda-feira como o 47º presidente dos Estados Unidos, em uma cerimônia realizada no interior do Capitólio devido às temperaturas congelantes.

Na época, ao ocupar a mesma posição de mulheres que até hoje figuram no imaginário popular, como Michelle Obama e Jacqueline Kennedy Onassis, Melania, de 54 anos, preferiu passar despercebida.

O modus operandi continuou depois que o marido deixou a Casa Branca. Quando ele liderou um motim em direção ao Capitólio, sede do Legislativo americano, numa tentativa de reverter o resultado das eleições em 6 de janeiro de 2021, ela se calou.

Quando ele foi condenado por um júri de Nova York por comprar o silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels — com quem teria tido um caso enquanto estava casado com Melania —, para evitar que o escândalo prejudicasse sua campanha em 2016, ela também se calou. Quando ele foi condenado, na esfera civil, a indenizar a colunista E. Jean Carroll por um estupro cometido em 1996, dois anos antes de se conhecerem, Melania novamente preferiu o silêncio.


Mas é possível que, dessa vez, o cenário seja um pouco diferente numa eventual vitória do marido. Um mês antes da eleição americana de 2024, na qual seu marido derrotou a democrata Kamala Harris, a ex-modelo publicou seu livro de memórias, "Melania", no qual finalmente apresentou ao público sua voz.

Na obra, a primeira-dama defendeu ferozmente o direito ao aborto, um calcanhar de Aquiles do seu marido na disputa contra Kamala, já que foram suas nomeações à Suprema Corte que garantiram uma maioria de juízes conservadores suficiente para revogar o entendimento do caso Roe vs. Wade, que assegurava o acesso ao procedimento nacionalmente.

"Restringir o direito de uma mulher de escolher se deseja interromper uma gravidez indesejada é o mesmo que negar-lhe o controle sobre o próprio corpo. Carreguei essa crença comigo durante toda a minha vida adulta", escreveu Melania.

Melania e o marido, Donald Trump, na posse do republicano como 47º presidente dos EUAFoto: Kevin Lamarque/AFP

Em setembro passado, ela deu uma rara entrevista revelando como se sentiu após o marido sofrer um atentado num comício em Butler, na Pensilvânia, em julho, que por pouco não atingiu sua cabeça — ele acabou se ferindo levemente na orelha, mas um apoiador morreu protegendo a família dos tiros. Melania estava em Nova York no momento, e disse que o incidente foi uma consequência dos ataques da mídia e dos democratas contra Trump.

— É realmente chocante que toda essa violência atroz vá contra meu marido, especialmente quando ouvimos líderes do partido de oposição e a mídia tradicional rotulando-o como uma ameaça à democracia, chamando-o de nomes horríveis — disse ela à Fox News.

— Eles estão apenas alimentando uma atmosfera tóxica e dando poder a todas essas pessoas que querem prejudicá-lo. Isso precisa parar. O país precisa se unir.

Melania não participou muito da campanha nesta nova tentativa do marido de comandar a Casa Branca, mas compareceu à Convenção Nacional Republicana, em julho, em Milwaukee, no Wisconsin, embora não tenha discursado.

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Biografia
Mesmo reservada ao ponto de ser vista como uma incógnita, o perfil de Melania por si só é raro no histórico de primeiras-damas dos EUA.

Natural da antiga Iugoslávia, numa região onde hoje fica a Eslovênia, ela foi a segunda primeira-dama nascida no exterior — a primeira foi Louisa Adams, em 1825. Mas Adams era britânica, o que significa que Melania segue sendo a única que não tinha o inglês como língua materna.

Como modelo, ela também foi a primeira a ter posado nua em uma revista, em 1996. Sua carreira começou antes, na Eslovênia, até passar temporadas depois em Milão e Paris, já sob a alcunha de Melania Knauss — seu nome de registro é Melanija Knavs. Mas foi em 1996 que houve sua grande ascensão, quando foi trabalhar em Nova York.

Melania conheceu o magnata em 1998, durante uma festa na "Big Apple". Na época, ele era casado com sua segunda esposa, Marla Maples, de quem se divorciou em 1999. Eles engataram em uma namoro pouco depois, mas se casaram somente em 2005, num evento na propriedade de Trump em Palm Beach, na Flórida. Foi o primeiro casamento dela, mas o terceiro dele — o que, anos mais tarde, a tornou a primeira terceira esposa a assumir como primeira-dama.

No ano seguinte, ela deu à luz Barron William Trump, seu primeiro filho e o quinto do marido. Naquele mesmo ano, se tornou cidadã americana. Na época, ela ainda fazia trabalhos como modelo ocasionalmente, algo que interrompeu há alguns anos.

Papel político
Embora seja imigrante, ela nunca confrontou publicamente a retórica incendiária do marido, que prometeu promover a maior deportação em massa da História se eleito e acusa, sem provas, governos latino-americanos de enviarem criminosos para cruzar a fronteira México-EUA. Na sua biografia, ela cita brevemente que, em privado, os dois já discordaram sobre o tema, mas que prefere manter as divergências dentro de casa.

“Discordâncias políticas ocasionais entre mim e meu marido”, escreveu ela, são "parte de nosso relacionamento, mas eu acreditava em abordá-las em particular em vez de desafiá-lo publicamente".

Na primeira campanha presidencial de Trump, porém, sua origem foi alvo de questionamentos. Na época, o histórico de imigração de Melania foi examinado, e surgiram acusações de que ela trabalhou no país antes de obter um visto de trabalho.

Ao contrário da convenção deste ano, em 2016 Melania discursou no evento do partido. Inicialmente, sua fala foi bastante elogiada, mas depois foi acusada de plágio após vir a público que várias frases usadas por ela eram semelhantes às proferidas pela ex-primeira-dama Michelle Obama oito anos antes, rendendo um pedido de desculpas do redator do discurso — mas não seu.

Na mesma corrida eleitoral, ela fez uma de suas raras defesas públicas do marido, que havia sido acusado de agressão e assédio sexual por várias mulheres.

Ao final do primeiro mandato de Trump, ela rompeu com a tradição de tomar um chá e passear com a então futura primeira-dama, Jill Biden, antes de sair do posto. A revista People informou nesta segunda que o casal Biden recebeu e o casal Trump antes da posse para um chá privado na Casa Branca.

Dias antes, o jornal Washington Post disse que Melania recusou o convite de Jill Biden para um chá, parte de um costume entre as primeiras-damas que estão deixando o cargo e as que estão assumindo.

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