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Incêndio no Pantanal avança e está próximo de maior hotel da região

Fogo devastou cerca de um terço dos 108 mil hectares de vegetação nativa

Incêndio destrói área do Pantanal perto de CorumbaIncêndio destrói área do Pantanal perto de Corumba - Foto: Divulgação / CBMMS

Alimentando pelo calor de até 38ºC e pelos ventos, um incêndio chegou a apenas alguns metros do maior hotel do Pantanal mato-grossense nesta terça-feira (11). Na vizinha Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal, separada do hotel pelo rio Cuiabá, o fogo já devastou cerca de um terço dos 108 mil hectares de vegetação nativa.

Visto do alto, o hotel Sesc Porto Cercado, construído às margens do rio Cuiabá, aparece cercado por focos de fumaça. No chão, dezenas de bombeiros, militares e brigadistas combatem o fogo com auxílio de caminhões-pipa e abafadores. Usam um avião modelo Air Tractor, que despeja até 3.000 litros de água a cada sobrevoo.

"A única linha de defesa para o combustível do hotel são esse [caminhão-]pipa branco e nós aqui", alertou um bombeiro, via rádio. Eram 12h15 quando o forte calor aumentava a força das chamas. Havia quatro bombeiros e dois militares da Marinha.

 



Naquele momento, apenas 350 metros separavam o fogo dos tanques com 3.500 kg de GLP, 6,5 mil litros de gasolina e 5 mil litros de diesel. O foco diminuiu no final do dia, mas uma equipe ficará de plantão no local durante a madrugada. O Sesc Pantanal avalia que o hotel continua em perigo.

A centenas de metros dali, as chamas chegaram a alguns metros da usina solar, que abastece o hotel, de 142 quartos e capacidade para até 430 hóspedes. O fogo foi contido pelo aceiro (faixa em que a vegetação é retirada por um trator), e pela ação de brigadistas do Sesc e bombeiros, apoiados por dois caminhões-pipa.

Por precaução, 20 dos 50 funcionários foram retirados na segunda-feira (10). O hotel está fechado deste março devido à pademia de Covid-19 e agora abriga os participantes da Operação Pantanal, comandada pela Marinha.

Na semana passada, os militares, que incluem membros da Marinha e da Aeronáutica, trocaram Ladário (MS) por Poconé (MT), seguindo os focos mais intensos. Com 300 homens, a Operação Pantanal começou há três semanas.

Faltando cerca de dois meses para a volta das chuvas, o almirante da Marinha Sérgio Gago Guida, 53, afirma que a prioridade será o trabalho de conscientização. Tudo indica que os focos de incêndio têm origem na ação humana.

"A gente luta contra uma situação cultural, a limpeza de terrenos com fogo. Como o Pantanal está muito seco, um pequeno incêndio acaba gerando um grande incêndio", afirma Guida, 53, comandante do 6º Distrito Naval, com sede em Ladário (MS).

Na tarde desta terça-feira, a reportagem sobrevoou a RPPN Sesc Pantanal, acompanhado da ecóloga Catia Nunes da Cunha, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).

Foi possível ver dezenas de colunas de fumaça que se erguem sob o horizonte, prejudicando a visibilidade em alguns pontos. Abaixo, alguns milhares de hectares de vegetação nativa já foram consumidos pelo fogo. Nas áreas intactas, a mata seca indica que as queimadas devem continuar se espalhando em meio ao tempo seco e quente.

Até esta segunda-feira, o fogo já havia destruído 34 mil hectares da RPPN - 31,5% do total. O dado não foi atualizado nesta terça, mas a média de devastação tem sido de 5.000 hectares de área queimada por dia.

"Fiquei muito preocupada com floresta com o tronco todo queimado. Isso é grave. Vão se formando clareiras numa região em que o solo é extremamente difícil de regenerar a vegetação. Provavelmente, ali vai ter de ter algum 'input' humano", disse Cunha, após o sobrevoo.

Para a pesquisadora, faltou planejamento do Estado brasileiros para conter os incêndios no Pantanal, como um sistema de alerta: "Vendo a condição climática, a providência foi muito tardia. Quando se está nessa situação, o trabalho que essas pessoas estão fazendo [o combate ao fogo] é sobre-humano."

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