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Incêndios na Califórnia: Com previsão de piora, área queimada em uma semana é maior que Paris

Meteorologistas apontam que novas rajadas de vento de mais de 115 km/h podem espalhar ainda mais as chamas na região de Los Angeles e Ventura

Bombeiro combate incêndio Auto, registrado na segunda-feira no condado de Ventura, na Califórnia Bombeiro combate incêndio Auto, registrado na segunda-feira no condado de Ventura, na Califórnia  - Foto: Etienne Laurent/AFP

Há uma semana trabalhando no limite da exaustão, o Corpo de Bombeiros de Los Angeles se prepara para um dia crucial nesta terça-feira. Com os maiores incêndios ainda fora de controle e responsáveis pela queima de uma área maior do que a cidade de Paris, e um novo foco registrado na segunda-feira, as equipes de emergência tentam a todo custo impedir o avanço das chamas em um momento em que meteorologistas apontam que rajadas de vento de mais de 115 km/h podem atingir a região e espalhar ainda mais o fogo.

— O perigo não passou de jeito nenhum — disse a chefe do Corpo de Bombeiros de Los Angeles, Kristin Crowley, afirmando que foram posicionados equipamentos e pessoal por toda a cidade para garantir uma capacidade de resposta rápida, caso a situação volte a se agravar com a ação dos ventos.

 

O Serviço Nacional de Meteorologia afirmou que os ventos devem ganhar força no amanhecer desta terça-feira, com pico por volta do meio-dia (17h em Brasília). A direção do vento deve seguir sentido norte-sul, soprando em direção aos condados de Ventura e Los Angeles, onde foram registrados os piores focos de incêndio nos últimos sete dias.

A primeira semana de incêndios florestais foi devastadora para a Califórnia, sobretudo nos arredores da icônica cidade de Los Angeles. Uma área total de aproximadamente 16 mil hectares, equivalente a 17 mil campos de futebol, foi carbonizada, com 24 mortes confirmadas pelas autoridades até o momento. Cerca de 92 mil pessoas continuam sob ordem de retirada pelo risco relacionado às chamas.

As situações mais preocupantes permanecem sendo os focos de incêndio registrados a oeste e leste de Los Angeles, em Pacific Palisades e Eaton. Considerados individualmente o 2º e 4º piores incêndios da História do estado americano, eles foram responsáveis por todas as mortes contabilizadas nesta altura dos trabalhos de emergência. Se somados ao incêndio Hurst, ao norte, que os bombeiros disseram estar praticamente controlado, queimaram uma extensão de 150 km² — uma área maior que a cidade de Paris.

Na segunda-feira, os bombeiros afirmaram que fizeram avanços importantes nos trabalhos de contenção das chamas no incêndio Eaton, aproveitando uma breve amenizada nas condições climáticas, conseguindo controlar o equivalente a 33% da área. Em Pacific Palisades, bairro de luxo que se viu praticamente transformado em cinzas, apenas 17% do incêndio está controlado.

Enquanto os breves progressos eram obtidos nas principais frentes, uma nova preocupação surgiu com a identificação de um foco de incêndio no condado de Ventura, a noroeste de Los Angeles, na segunda-feira. O incêndio, batizado de Auto, queimou uma área de 22 hectares nas primeiras horas e ainda não começou a ser contido, mas o principal fator de preocupação é que ele está localizado em uma das áreas que deve ser mais castigado pelas novas rajadas de vento. Palisades e Eaton também estão em áreas de risco.

Enquanto autoridades tentam exterminar as chamas, agências estaduais e federais começam a reunir evidências na tentativa de estabelecer o que provocou cada um dos focos de incêndio. As principais hipóteses que começam a ser investigadas incluem fogos de artifício, a queda de fios da rede elétrica e mesmo ação criminosa.

Além da ameaça imediata, os incêndios de grandes proporções criaram uma crise humanitária profunda, com dezenas de milhares de pessoas retiradas de casa do dia para a noite, em razão das ordens oficiais. Muitas delas relataram dificuldades para encontrar — e manter — vagas em abrigos temporários.

Poucos dias após o início das chamas, o mercado imobiliário já registrava impactos com uma disparada no preço dos aluguéis na costa oeste americana em meio ao desespero das famílias diretamente afetadas por encontrar moradia.

Levantamentos distintos calculam um prejuízo estimado entre U$ 50 bilhões e US$ 150 bilhões (R$ 305 bilhões e R$ 916 bilhões) pelos danos provocados pelos incêndios até agora.

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